TARDE DEMAIS DE NATAL

Por Gustavo do Carmo

Quatro horas da tarde do dia 25 de dezembro em uma casa no subúrbio. O dono, a esposa e os parentes estão dormindo no chão da sala porque encheram a cara de vinho. As crianças também dormem no mesmo lugar. Não por causa da bebida, mas de tanto chorar porque o Papai Noel não chegou à meia-noite.

Ele chega exatamente (bem) depois da festa de Natal. Acordando todo mundo com o seu “hohoho” ele começa a distribuir os presentes. Primeiro para as crianças, que, mesmo com o rosto ainda manchado de lágrimas da noite anterior, esqueceram a frustração do atraso. Elas se animam e começam a rasgar os embrulhos. Imediatamente, pedem às suas respectivas mães para estrearem os novos brinquedos na pracinha do bairro. Os adultos acordam morrendo de dor de cabeça da ressaca.

O primo do dono da casa, um homem gordo na faixa dos trinta e cinco anos reclama com o Papai Noel:

— Pôxa, Papai Noel, o senhor não acha que chegou tarde demais, não? Esperamos por você até as oito da manhã e nada! As crianças se desesperaram de tristeza. Choraram a noite inteira. Nós enchemos a cara para nos acalmarmos e tentar tranquilizá-las.

— Ho, ho, ho, eu tive uma agenda cheia. E mesmo assim, vocês brasileiros são muito precipitados. O Natal é no dia 25 e não no dia 24. Que mania de usar o dia certo de natal para curar a ressaca!

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