Para inaugurar a nova seção do Tudo Cultural, Remake Fake, um exercício de imaginação de elenco para um suposto remake de novela ou série, escolhi Amor com Amor se Paga, exibida originalmente em 1984, reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo entre 1987 e 1988 e atualmente reapresentada no canal Viva, do grupo Globo.
Amor com Amor se Paga foi escrita por Ivani Ribeiro e, tal como a maioria de suas novelas na Globo, já era um remake de outra novela sua na Rede Tupi: Camomila e Bem-Me-Quer, que estreou em 1972. A história principal era do avarento Nonô Correia, um senhor rico, mas muito pão-duro que controlava as despesas de casa de forma insana, com atitudes como colocar cadeado na geladeira e no fogão, catar lixo na rua, organizar passeatas em defesa da economia, tirar um dia para jantar apenas líquidos, no escuro ou comer em apenas 8 minutos. Tudo para levar ao desespero seus filhos Tomás e Elisa e a empregada Frosina. Só tinha o apoio do "secretário" Gustavo, um misterioso rapaz que veio da cidade do Rio de Janeiro (a trama se passava na fictícia Monte Santo, região serrana fluminense (foi gravada em Teresópolis)), para, a princípio, dar o golpe do baú na tímida Elisa, por quem se apaixona, mas com a real intenção de reencontrar o seu pai, Anselmo, melhor amigo de Nonô e também apaixonado por sua filha. |
A autora Ivani Ribeiro |
Nonô Correia era um avarento, como na peça de Moliére (na qual as duas novelas foram inspiradas), dizia que não tinha dinheiro e, por isso, mandava economizar, mas adorava cultuar suas joias em um quarto secreto de sua casa, ao qual acessava por uma estante giratória, cuja senha era uma posição dos ponteiros do relógio de parede. Joias essas dadas por inquilinos dos imóveis de sua propriedade para pagar dívidas. Aliás, muitos imóveis da cidade eram de Nonô.
Começando o exercício, que vai manter os mesmos nomes dos personagens. Os novos atores seguirão o biotipo físico e interpretativo dos atores originais. Vou indicar mais de um ator para alguns papéis, como opção. A escolha não vai levar em conta se o ator é contratado da Globo ou não. Para isso, existe contrato por obra. Embora o menino Zezinho, interpretado por Oberdan Júnior tenha sido um personagem fundamental para a virada de Nonô Correia, não escalei nenhum ator mirim por causa da grande possibilidade de errar o palpite. Afinal, até a novela ser produzida, o menino "escolhido" já cresceu. Na verdade, como tenho visto cada vez menos novelas da Globo, já não conheço mais tantos nomes, principalmente de atores mirins. Se fosse nos anos 2000, até colocaria o Pedro Malta.
Aliás, Amor com Amor se Paga esteve próxima de realmente ganhar um remake. Mas mesmo antes da pandemia do vírus chinês a Globo desistiu da ideia.
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Nonô Correia - Ary Fontoura x Tony Ramos |
O elenco para o remake
Um dos papéis mais marcantes de Ary Fontoura, senão o mais marcante, o novo Nonô Correia seria interpretado por um outro gênio da TV brasileira: Tony Ramos. Sempre fazendo papel de galã até os sessenta anos, ultimamente, Tony tem dado a interpretar vilões. Claro que Nonô não chega a ser um vilão, mas um velho ranzinza caberia muito bem no seu currículo. E sua idade atual (74 anos) seria mais compatível com o personagem do que Ary Fontoura, que tinha 51 em 1984. Tony Ramos é uns quatro anos mais novo que o meu pai, que tem tido um comportamento quase igual ao de Nonô. Tem três outros atores que até combinariam melhor com o protagonista de Amor com Amor se Paga, mas não vou citar porque os descartei por motivação política.
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Elisa - Bia Nunnes (1984) x Daphne Bozaski (em algum ano no futuro) |
Destaque em Nos Tempos do Imperador, Daphne Bozaski seria a minha escolha única para Elisa, que foi defendida por Bia Nunnes no primeiro remake. Já para o seu irmão Tomaz, eu ficaria entre Rômulo Estrela, Humberto Carrão, Caio Castro ou Jonatas Faro, embora este último esteja afastado das novelas. Edson Celulari, o Tomaz de 1984, voltaria como o Doutor Vinícius (Adriano Reys). Depois eu falo do núcleo deste, que também poderia ser Marcello Novaes ou Ângelo Antônio. Para agora, deixa eu fechar a casa do Nonô com a empregada Frosina, que foi de Berta Loran (de presença rara em novelas) e agora poderia ser Louise Cardoso (a minha preferida) ou Cristina Pereira.
Melhor amigo de Nonô e o primeiro que sabe da sua riqueza secreta, Anselmo, que tinha sido do falecido Carlos Kroeber, me deixa em dúvida entre quatro atores: Odilon Wagner, Dan Stulbach, Leopoldo Pacheco e, o que seria mais forte para mim: Antônio Calloni, tão frequente nos papéis de vilão ou homem honesto autoritário ultimamente. Sua irmã, Elvira (Wanda Kosmo na versão clássica) poderia ser de Rosi Campos, eternizada como a Mamuska de Da Cor do Pecado, logo com larga experiência como superprotetora, ou Bia Montez, mais lembrada como a Vilma de Malhação. Lembrei agora de Cristina Pereira, que se não for a Frosina, pode ser a Elvira.
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Judite - Chica Xavier (1984) x Zezeh Barbosa (futuro)
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Da casa do Nonô vou para a da Judite, que foi a saudosa Chica Xavier. Meu nome único seria Zezeh Barbosa. Sua filha Ângela ainda não apareceu na reprise. Júlia Lemmertz foi a intérprete original. Para o "remake", meu nome mais indicado é o de Agnes Brichta, filha do ator Vladimir Brichta, que têm o mesmo parentesco na novela das sete Quanto Mais Vida, Melhor!
Inquilina de Nonô, Judite subloca quartos da casa do avarento para dois importantes personagens: Gustavo, o tal inicialmente interesseiro no dinheiro de Nonô e apaixonado por Elisa, mas que depois vai se revelar filho de Anselmo, e Tio Romão. Personagem de Caíque Ferreira na versão de 1984, morto jovem pela AIDS apenas dez anos depois, tenho dois nomes para o remake fake. Um mais velho e um mais jovem. No primeiro caso, colocaria Sérgio Guizé. Além da aparência física e gestual semelhante a Caíque, seria uma forma de colocá-lo na mesma novela que a namorada Bianca Bin, a quem indico para ser a nova Santusa. Caso optem por um ator jovem, escalaria Caio Manhente, outro da atual novela das sete, este mais parecido fisicamente com Caíque.
O segundo inquilino de Judite poderia ser o segundo protagonista da novela. Tio Romão, personagem sob medida para o saudoso Fernando Torres, marido de Fernanda Montenegro e pai de Fernanda Torres, voltaria à cena defendido por Genézio de Barros, antes meu nome mais forte, mas agora me veio a lembrança do Cacá Amaral e do José Rubens Chachá. Luís Mello também seria uma opção. Ary Fontoura (como homenagem pelo antigo Nonô Correia) e Lima Duarte também poderiam ser, mas, aos noventa anos, não acredito que ainda tenham fôlego para caminharem tanto e andarem de bicicleta. Talvez o Marco Nanini. Até o Oberdan Júnior, ex-Zezinho, poderia entrar, pela sua aparência barbuda grisalha atual. Mas este é apenas uma brincadeira.
Já sugeri Bianca Bin, mais lembrada por mim na temporada 2009 de Malhação, como a Santusa. Mas o primeiro nome que eu tinha pensado, não consegui descobrir. Seria aquela atriz que atuou em um comercial da Brastemp, no qual ela dizia saber das situações com o marido. Pesquisei na internet, em sites de publicidade, mas não descobri o nome. Vai a Bianca mesmo. Como terceira e quarta opções, Priscila Fantin e Bárbara Paz.
Seu marido Tito (Flávio Galvão) caberia bem no ator Guilherme Webber. Se o remake fosse produzido na década passada. Para os anos 20 eu escalaria Thiago Fragoso. Ou Rafael Cardoso. Ou Felipe Adib (o irmão presidiário de Neném na novela das sete). Para Carlito, filho do casal, assim como Zezinho, não vou arriscar um nome. O Padre Inácio. que foi de Paulo Gonçalves (ator que morreu apenas dois anos depois da novela) seria de Paulo Figueiredo.
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Grace (Maria da Graça) - Yoná Magalhães (1984) x Cláudia Ohana. Foto Cláudia: AG News |
Chegamos ao segundo mais importante núcleo da novela: o de Bruno e Grace, ambos interpretados por dois atores já falecidos: Carlos Eduardo Dolabella e Yoná Magalhães, que vivem brigando para dar palpite no casamento entre seus respectivos filhos: Johnny e Rosemary. Para Maria da Graça, seu nome verdadeiro, e sobrinha de Nonô, só tenho um nome na cabeça: Cláudia Ohana, que foi a Mariana em 1984. Já para o pai de Johnny (ou João Carlos) eu fiquei em dúvida entre Dalton Vigh, Du Moscovis e Marcelo Novaes.
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Rosemary e Johnny - Mayara Magri e Mateus Carrieri (1984) x Júlia Byrro e Rafael Vitti |
Apesar de já ter experiência em novelas, tendo sido protagonista em algumas, inclusive a nova das seis (Além da Ilusão), Rafael Vitti, para mim, é o nome mais indicado para ser o Johnny pelo jeito de falar muito parecido com o de Mateus Carrieri. Rosemary, antes Mayara Magri, poderia ser Júlia Byrro, revelada na minissérie para streaming Verdades Secretas 2, que faria um papel mais leve.
Entre os funcionários da família brigona, Luciana Malcher seria a empregada Marilene (ou Marilyn), vivida por Hilda Reis. Para a Filomena, infelizmente, não conheço um nome ideal. Vai depender dos contatos dos produtores de elenco, assim como o Seu Enock (que tinha o mesmo nome do ator que o interpretava: Enock Batista), funcionário da firma de exportação de Bruno, Arlete (Marilka Lannes na novela original), a auxiliar de secretária, e Magali (Yaçanã Martins), vendedora da loja de Grace. Até poderia sugerir alguns atores, mas ficaria constrangedor indicá-los para papéis tão coadjuvantes. Apenas Nanci, a secretária-chefe de Bruno, apaixonada por ele, e que, por isso, tem uma certa relevância na história, eu me arrisco a dar um nome: Ana Carolina Dias seria a sucessora de Cláudia Freire.
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Mariana - Cláudia Ohana (1984) x Gabriela Medvedovski |
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Bel - Narjara Turetta (1984) x Valentina Herszage |
Indo para o núcleo de Vinícius, para quem já indiquei Edson Celulari, Marcelo Novaes ou Ângelo Antônio, também tenho mais de uma opção para sua esposa Helena (Beatriz Lyra): Deborah Evelyn ou Drica Moraes seriam as minhas indicações. As filhas do casal, Mariana e Bel, seriam de Gabriela Medvedovski e Valentina Herszage, respectivamente. Para o grande amor de Tomás e Nonô eu tinha pensado em Alanis Guillen, mas depois do remake de Pantanal, duvido que ela faria um papel menor. Renato (personagem que foi de Miguel Falabella), o outro filho do médico Vinícius, idolatrado pela mãe Helena, poderia ser Klebber Toledo (se ele fizer as pazes com a Globo por apoiar sua esposa Camila Queiroz) ou Johnnas Oliva.
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Zélia - Vera Gimenez (1984) x Antônia Fontenelle |
Indo para o núcleo do prefeito Barreto, que foi de Milton Moraes, e agora poderia ser de Humberto Martins, Felipe Camargo ou Marcos Breda, temos também sua esposa Zélia, um papel marcante de Vera Gimenez em novelas, que hoje seria assumido por Antônia Fontenelle. Também optei por não indicar uma nova versão das filhas do casal, tanto a adolescente Íris (Graziela di Laurentis, mais famosa pelo seu trabalho na abertura do remake de Anjo Mau doze anos depois), quanto a pestinha Camilinha (Giovanna Pieck, de quem guardo lembranças quando criança pelo comercial do sacolé Ice Pop que ela fez um ano antes da novela). Gabriel Leone, Guilherme Leicam e Bruno Montaleone (mais conhecido como o ex-genro da Xuxa) poderiam disputar o papel de Sérgio (antes Paulo César Grande), sobrinho de Barreto. Para Tonicão (Lajar Muzuris), braço-direito de Barreto, pensei no eterno cantor Léo Jaime. A minha ideia inicial era o ator Vicentini Gomez, conhecido por ter sido o avô mafioso da Domingas Gentil na temporada 2008 de Malhação.
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Edu - José Carlos Sanches (1984) x Allan Frois |
No vídeo de remake reverso de Haja Coração que eu postei no You Tube, eu tinha escolhido o ator José Carlos Sanches como o personagem Fabinho, caso este tenha existido em Sassaricando em 1987. Fabinho se reabilitava de um acidente provocado pela personagem de Cléo Pires e, na novela real foi interpretado por Allan Frois. Então, aproveito este ator para interpretar o personagem que foi de Sanches em Amor com Amor se Paga: o piloto de helicóptero Edu, colega de Tomás.
Zélia morre ao longo da novela. Uma forma (exagerada, na minha opinião) de alertar, já em 1984, sobre os perigos da automedicação, mas foi uma solução para justificar a saída repentina da mãe da apresentadora Luciana Gimenez. Barreto, então, se casa com Sílvia, interpretada por Arlete Salles. Heloísa Perisé, Letícia Spiller ou Mônica Martelli poderia ser a personagem no remake fake. Outros dois personagens aparecem mais para o final da novela: Rogê (Mário Cardoso) poderia ser Rainer Cadete e sua mãe Leonor (antes a saudosa Ana Ariel) poderia ser Narjara Turetta, que foi a Bel em 1984.
Embora tenha quatro personagens praticamente figurantes, optei por escolher um ator ou atriz para representá-los por uma certa relevância na trama. O único homem é o rapaz que agride Nonô pelo aumento do aluguel e é contido por Gustavo, o que vai motivar a sua contratação como secretário. Guaracy Valente, mais lembrado como sósia do ator Tom Selleck, tendo participado até de uma paródia do seriado Magnum em Armação Ilimitada como o Mignum, felizmente ainda vivo, seria substituído por Ed Oliveira, conhecido por ter sido o cafetão da novela Paraíso Tropical.
Em relação às mulheres, uma é Renata, ex-namorada de Tomaz que Sérgio chamou para beijá-lo e ser flagrado por Mariana e assim arruinar o namoro dos dois. Poderia ser Thammy Di Calafiori ou Juliane Trevisol. A segunda é a outra namorada do filho de Nonô, que foi Monique Evans e poderia ser sua filha, Bárbara Evans. E tem a mulher que finge ser noiva de Gustavo para impressionar Nonô caberia a Lidi Lisboa.
Jaffar Bambirra e Ana Hikari poderiam ser Cacá (o namorado de Bel que tinha sido Hugo Gross em 1984) e Cidinha (funcionária da prefeitura, colega de Mariana, interpretada por Andréa Avancini), respectivamente.
Os atores que eu não escalei para alguns papéis ficariam abertos a novos talentos ou para a panelinha do adaptador ou diretor. Principalmente as crianças.
No You Tube há muitos vídeos sugerindo atores para remakes de novela. Não é uma invenção minha. Eu vi um sobre Amor com Amor se Paga e acertei somente a Judite. E todos indicam um único ator.
Ter escolhido vários atores para um mesmo personagem é uma forma de interagir com vocês leitores e abrir uma votação para me ajudar a escolher. Se alguém votar, farei uma reapresentação com o ator mais votado para cada papel e mais ilustrações lado a lado, além de comparação de elenco com Camomila e Bem-me-quer.
Propus que o Viva fizesse essa brincadeira, mas, com a desculpa de que todos seus programas são terceirizados, rejeitou. No entanto, reality show idiota com montagem de cenas usadas em novelas eles aceitam. Basta ser apadrinhado.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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