- Mas então, e aí, o que
que era aquele barulho na tua caminhonete?
Bruno tomou um gole da
cerveja antes de responder.
- Humm, nem me fale. Adivinha o que que era?
- Não sei não.
- Step murcho. Aí ficava
um vão no suporte e ficava batendo e fazendo aquele barulho quando passava em
alguma coisa.
- Menos mal. Pior se
fosse alguma coisa na roda e você ia ter que trocar peça e tal.
Mais um gole. O amigo de
Bruno fez o mesmo.
- Tá, legal. Não vou ter
que trocar peça e gastar, né? Mas e se o pneu fura quando eu estou no meio do
nada? Já pensou nisso?
- É mesmo. Quanto tempo
você comprou ela?
- Três meses.
- Hehe, três meses você andando por aí sem step. Haha.
As duas canecas já
estavam vazias. A geladeira logo ali, mas e a coragem para ir buscar outra
garrafa?
Ficaram em silencio
olhando as canecas transparentes com apenas o resto do colarinho.
Bruno dá um suspiro.
- Agora eu não sei se eu
fico mais com raiva do cara que me vendeu sem step – porque se ele sabia que
estava assim ele foi filho da puta – ou se eu fico é com raiva de mim mesmo por
eu não ter ido checar se a porra do step estava cheio.
- É, cara. Tem que ver
essas coisas.
A esposa de Bruno chega
na porta da cozinha. Eles a olham das cadeiras de balanço em que estão sentados
na varanda.
- Já vou dormir, tá
amor.
- Tá bom. Boa noite.
- Boa noite, Carol, diz
o amigo de Bruno.
- Ô, amor, – ele diz
enquanto a esposa se vira para entrar – pega mais duas cervejas pra gente.
Ela faz uma careta,
estreitando os olhos.
- Por favor.
Ela sorri, diz que tá
bom, com olhar de sono e bocejando. Entra na cozinha.
- Acho que eu não devia
tomar mais uma, sabe.
- Eu também não devia
não, Bruno.
Os dois suspiram. Eram
do tipo de bêbados quietos.
- Toma, boa noite, diz
Carol entregando uma garrafa para cada um e já se virando para ir para dentro
novamente.
- Obrigado, senhora.
O sorriso bobo de Bruno a
faz sorrir novamente.
Abrem as garrafas.
Despejam dentro das canecas e tomam o primeiro gole.
- Mas já levou no
borracheiro o step, né, Bruno?
- Ah, ainda não. Mas na
próxima vez que eu ir pra cidade eu vou lá encher. Pode ficar tranquilo.
Conto de Lucas Beça
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