Quando você acha que viu um vampiro, é
melhor não ficar de bobeira. Isso vale para qualquer tipo de assassino
psicopata em qualquer forma mitológica possível. Não pense duas vezes. Corra. É
melhor do que esperar para ver. Foi o que Nicole fez.
Saiu do trabalho e ao passar por uma
rua mal iluminada, ela avistou uma figura. Poderia ter sido uma alucinação,
talvez causada pelas histórias de terror que ouvia quando era criança. Sim,
poderia. Mas ela é uma das minhas, e fez o melhor nessa situação. Começou a
correr.
Correu. Tropeçou. Levantou-se. Não
olhou para trás. Ok, ela tentou não fazer isso. Mas fez, e foi nesse momento
que ela tropeçou de novo e caiu. Esfolou o joelho e a mão esquerda. Com medo de
que o sangue fresco ativasse alguma coisa na criatura, ela continuou.
Ao chegar à fachada do prédio onde ela
morava, seus nervos estavam à flor da pele. Com muita dificuldade abriu a bolsa
e pegou a chave. Conseguiu colocá-la na fechadura na terceira tentativa. Girou.
Mas antes de encostar a mão na maçaneta, ela virou a cabeça e viu a figura
dobrando a esquina, debaixo de uma árvore densa que encobria a luz do poste. Abriu
a porta e entrou.
Nada de ficar encostada na parede para
recuperar o fôlego. Continuou a correr. O seu apartamento ficava no segundo
andar e as escadas naquela hora pareciam a melhor decisão. Com passos rápidos,
e os pulmões a beira de um colapso, Nicole chegou à porta de seu apartamento.
Sua colega de quarto já devia estar em casa e simplesmente apertou a campainha.
Nada de toda aquela tremedeira e procura pela outra chave.
Apertou outra vez. A amiga estava lá
dentro. Conseguia ouvir a televisão ligada. Mais uma vez. Ouviu os passos e a
voz da amiga.
“Esqueceu a chave de novo, Nicole?”
A porta foi aberta. Ela entrou tão
rápido que quase tropeçou na beirada do sofá.
“Meu Deus, o que aconteceu? Parece que
viu um fantasma.”
A colega de quarto fechou a porta.
“Tranca. Tranca tudo!”, disse Nicole,
indo em direção aos quartos.
Fechou as janelas de todos os cômodos.
A amiga estranhou seu comportamento. Cruzou
os braços e a observou. Nicole fechou a janela da sala, as cortinas, e depois olhou
por uma fresta a rua.
“O que está acontecendo, Nicole?”
Ela não tirava os olhos arregalados da
rua.
“Nicole?”
Toc,
Toc, Toc...
A amiga foi em direção ao olho mágico.
Seria algum vizinho?
A porta foi arrombada com um tremendo
estrondo.
Infelizmente Nicole cruzou com uma
vampira que não era violenta, mas que não estava a fim de roubar sangue doado
no hospital naquele dia.
Conto de Lucas Beça
Esse conto teve como
ponto de partida a palavra muitas vezes dita pelo Doutor na série britânica de
ficção-científica Doctor Who: “Run!”, e depois descambou para uma coisa um pouquinho diferente...
Gostaria também de agradecer
ao Gustavo do Carmo e toda a equipe do blog pelo espaço no Tudo
Cultural.
2 Comentários
Sou um grande fã de Doctor Who!
Ótimo conto!
Abraço!