O cinza do céu estava lá

 



Bem, o dia começou meio cinza para mim. Não sei. Parecia que ia ser um dia bom. Era um... pressentimento, sabe. Eu estava errado.
Primeiro bati o carro. Fiquei no prejuízo. Paguei o cara do outro carro pra discussão ficar menor e mais barata. Fui direto pro mecânico. 
E ele falou, Caraio, cê deu quanto pro cara? Por uma raladinha dessa? Cê é louco.
Vai ve que eu sou mesmo, eu disse. 
Depois minha namorada me liga. Amor, a gente precisa conversar sério quando você vir aqui em casa hoje a noite.
Pronto, pensei. 
E até já sabia qual que seria a conversa.
Saí pra fumar um cigarro no horário de almoço antes de comer e uma senhora passa por mim e me diz na cara dura, Pensa que isso aí vai te dar algum futuro? Humm!
Simplesmente fiquei sem reação. 
Quando estava perto de terminar o cigarro um cara me dá um safanão e me derruba no chão.
Ae, mermão, que porra é essa de ficar mexendo com as irmã dos otro?
Eu falei, Nem te conheço, cara. Tá doido?
E ele veio pra cima de mim e me deu um soco.
Nisso veio a filhadaputa da irmã e diz, Não é esse aí não, Júnior. É aquele outro cara ali no canto.
O cara que estava no canto era o sacana do almoxarifado. Sempre contando vantagem, sempre com um rolo, um caso. E eu pagando o pato dessa vez.
A minha marmita tinha alguma estragada. 
30 minutos depois de comer lá estava eu no trono. Tive que voltar mais três vezes durante a tarde.
Olhei pela janela e às quatro horas da tarde o sol deu lugar a um céu cinza e escuro. A tempestade começou logo depois. Faltou luz, vieram os raios, trovões, a coisa toda.
Dirigi de volta pra casa sem saber que estava a dois palmos de mim. Pelo menos cheguei em casa.
Liguei a TV mas ela não quis ligar.
Queimada.
Assim como o telefone fixo e o microondas. 
Mas que caralho!, eu gritei, pra vizinhança toda ouvir.
Nisso a minha namorada me liga, pra fechar com chave de ouro.


Conto de Lucas Beça

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