Luna foi visitar seu pai, Jorge, no
centro psiquiátrico. Era um homem solitário desde que ela saiu de casa. Depois
que fora internado ela ia lá de vez em quando.
“Oi, filha, como você está?”
Seu pai estava sorrindo com seu jeito
estranho. Na verdade ela não se lembrava de como era o seu sorriso antes de ele
entrar no hospital.
Ela fitou seu pai. Olhou para o relógio
na parede. Eram três e sete. Meu Deus, o
horário de visita vai até as três e meia. O que vou falar com meu pai maluco
até lá?
“O que você acha?”
“Não sei, acho que parece bem. Como
estão as coisas? Da última vez que veio me disse que estava começando um novo
emprego.”
“A-Hã.
É legal.”
“Bom...”, e ficaram em silêncio por
muito tempo.
Duas semanas atrás ela foi chamada pelo
médico responsável pela ala. O assunto era a melhora dele. Tomava todos os
remédios, as alucinações haviam parado, participava das reuniões, seções de
terapia em grupo e particulares, se dava bem com os outros pacientes...
O doutor achava que Jorge estava pronto
para sair da clínica. Um teste, uma chance para ver se conseguiria se readaptar
à vida social. E já que Luna era a única familiar próxima...
“Tá.
Fazer o quê, né?”, disse ela
secamente.
Primeira parte do conto de Lucas Beça
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