Uma história de--: Seis


Eles entraram. Ela entrou na sala e deitou-se no sofá. A casa estava uma bagunça.
Marcelo entrou na cozinha. O bule estava cheio de café frio. Colocou-o no fogão e acendeu a boca.
Você tem alguma coisa pra dor de cabeça?
Vê se tem aí no armarinho do canto.
Sua dor de cabeça tinha piorado.
Ele achou uma maleta branca cheia de remédios. A maioria das cartelas com apenas uma ou duas pílulas. Achou uma de aspirina.
Me traz dois pra mim também.
Tinha quatro na cartela.
Destacou todos.
Encheu um copo de água, bebeu metade com dois comprimidos e levou o resto para Lívia.
Aqui.
Valeu.
Ela sentou-se lentamente e desajeitada. Pegou o copo e os remédios.
Depois de tomá-los devolveu o copo a Marcelo.
Ele sentou-se ao seu lado.
E aí?
E aí...
Ficaram em silêncio.
Ela se esparramou no sofá. Olhou para ele.
O que fez de bom ontem?
Nada. Cheguei do trabalho, pedi uma pizza, assisti o jogo, fui dormir...
Humm.
Ela colocou a cabeça na guarda do sofá e as pernas no colo de Marcelo.
Tirou o salto com os pés.
Nada folgada você, né?
Naa.
Ele colocou as mãos sobre as pernas dela. Ainda segurava o copo.
E esse óculos aí? Tomou um sacode por aí?
Ah, eu acabei pisando nele sem querer.
Ela riu.
Tonto.
Ele fez o mesmo.
Faz uma massagem. Daquele jeito que você sabe fazer.
Depois.
Ela fez biquinho.
Ele sorriu. Enquanto ia colocar o copo na mesinha de centro para começar a massagem, Marcelo ouviu o café fervendo derramar.
Ai, merda. Esqueci do café!
Levantou-se e foi correndo apagar o fogo.
Pegou duas xícaras, colocou açúcar e derramou café fervido nelas.
Ô. Quer?
Disse erguendo uma das xícaras um pouco.
Deixa aí na mesinha.
Ela estava mexendo em sua bolsa. Marcelo ficou de pé, a observando.
Depois de um tempo ela tirou a chave lá de dentro.
Olha aqui! Tava dentro do bolsinho.
Ele apenas levantou as sobrancelhas.
Você vai ficar bem por um minuto?
Eu não sou criança.
Então tá. Eu vou na padaria comprar pão pra gente tomar café.
Ela fez que sim com a cabeça e ele saiu. Ela ficou vendo ele sair enquanto segurava a xícara de café fervido com as duas mãos.


Sexto capítulo do conto de Lucas Beça


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