Eles entraram. Ela entrou na sala e
deitou-se no sofá. A casa estava uma bagunça.
Marcelo entrou na cozinha. O bule
estava cheio de café frio. Colocou-o no fogão e acendeu a boca.
Você tem alguma coisa pra dor de
cabeça?
Vê se tem aí no armarinho do canto.
Sua dor de cabeça tinha piorado.
Ele achou uma maleta branca cheia de remédios.
A maioria das cartelas com apenas uma ou duas pílulas. Achou uma de aspirina.
Me traz dois pra mim também.
Tinha quatro na cartela.
Destacou todos.
Encheu um copo de água, bebeu metade
com dois comprimidos e levou o resto para Lívia.
Aqui.
Valeu.
Ela sentou-se lentamente e desajeitada.
Pegou o copo e os remédios.
Depois de tomá-los devolveu o copo a
Marcelo.
Ele sentou-se ao seu lado.
E aí?
E aí...
Ficaram em silêncio.
Ela se esparramou no sofá. Olhou para
ele.
O que fez de bom ontem?
Nada. Cheguei do trabalho, pedi uma
pizza, assisti o jogo, fui dormir...
Humm.
Ela colocou a cabeça na guarda do sofá
e as pernas no colo de Marcelo.
Tirou o salto com os pés.
Nada folgada você, né?
Naa.
Ele colocou as mãos sobre as pernas
dela. Ainda segurava o copo.
E esse óculos aí? Tomou um sacode por
aí?
Ah, eu acabei pisando nele sem querer.
Ela riu.
Tonto.
Ele fez o mesmo.
Faz uma massagem. Daquele jeito que
você sabe fazer.
Depois.
Ela fez biquinho.
Ele sorriu. Enquanto ia colocar o copo
na mesinha de centro para começar a massagem, Marcelo ouviu o café fervendo
derramar.
Ai, merda. Esqueci do café!
Levantou-se e foi correndo apagar o
fogo.
Pegou duas xícaras, colocou açúcar e
derramou café fervido nelas.
Ô. Quer?
Disse erguendo uma das xícaras um
pouco.
Deixa aí na mesinha.
Ela estava mexendo em sua bolsa.
Marcelo ficou de pé, a observando.
Depois de um tempo ela tirou a chave lá
de dentro.
Olha aqui! Tava dentro do bolsinho.
Ele apenas levantou as sobrancelhas.
Você vai ficar bem por um minuto?
Eu não sou criança.
Então tá. Eu vou na padaria comprar pão
pra gente tomar café.
Ela fez que sim com a cabeça e ele
saiu. Ela ficou vendo ele sair enquanto segurava a xícara de café fervido com
as duas mãos.
Sexto capítulo do conto de Lucas Beça
Primeiro
capítulo
Próximo
capítulo
0 Comentários