“A gente tá quase chegando, Rá.”
O Carinha (a partir desse momento eu
comecei a chamar o gosmento de Carinha) estava cabisbaixo num canto. Eu me
levantei. Levantei a calça com a perna mecânica. Tirei de lá um aparelho de
teleporte portátil que eu consegui esconder durante todo o julgamento.
“Isso é o que eu to pensando?”
“É sim, querido.”
“Mas como você...?”
“Eu tenho meus truques, Carinha.”
Até o Risada ficou surpreso.
“Ok, Risada, tá vendo uma lua perto? Se
eu não me enganei na contagem, a gente tá bem perto.”
“Tâmo sim. Ah-Rá!”
“Ok, é o seguinte... Junta aqui, Risada.
A partir desse momento os caras vão ver isso aqui pelas câmaras e vão vir
correndo pra cá. Agora, eu levo vocês se me prometerem não me encher o saco e
cada um seguir pro seu canto, beleza?”
“Sim, sim, eu prometo.”
“Rá!
Sim, é isso aí!”
“E pelo amor de Deus, para com esses ‘rás!’”
“Tá bom...”
“Vamos lá, segura nisso aqui.”
Eu apertei o botão. Em cinco segundos
já não estávamos mais na cela. A última coisa que eu vi foram três guardas
aparecendo na porta, gritando para nós ficarmos parados.
Segunda parte do
conto de Lucas Beça
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