(I)
Tudo
o que Juju queria era uma grande festa de aniversário para comemorar os seus
sete anos. Desejava um salão de festas com muitos brinquedos e show de mágica. A
mãe, sem muito dinheiro, encomendou o bolo a uma confeiteira amiga e arrumou a
mesa com a toalha mais nova da casa. Ainda comprou alguns brindes, bola
surpresa e lembranças de papel de seda na papelaria do bairro. O pai comprou os
refrigerantes e encomendou algumas centenas de salgadinhos na padaria da
esquina. Juju convidou as amiguinhas. Foi o dia mais feliz da sua infância.
(II)
Pedro
convidou todos os amigos da escola para o seu aniversário de nove anos. Queria
fazer a festa no clube, mas teve de se contentar com uma reunião da turminha em
casa mesmo, dentro do apartamento. Compareceram todos. Fizeram a festa. Em seus
brinquedos. Quebraram a metade deles. Os que já tinha e os presentes. Pedro não
pôde fazer nada. Teve uma dor de barriga e passou a festinha inteira no
banheiro. Quando descobriu, brigou com todos. Nunca mais chamou ninguém para o
seu aniversário. Tornou-se um adulto sem amigos e infeliz.
(III)
Milena
queria uma viagem para a Europa no seu aniversário de quinze anos. Ganhou um
baile de debutante. Quinze bailarinas abriram alas para a sua entrada triunfal
sob uma intensa nuvem de fumaça perfumada. Homenageou a mãe, a tia, a avó e a
madrinha. Dançou valsas com o pai, o irmão mais novo, o avô e o primo, que fez
papel de príncipe no lugar do galã da novela das sete, que deu o bolo. Todas as
valsas foram tocadas por violinistas. Contrariada, a adolescente achou tudo
aquilo uma cafonice. Para completar, viu
o menino por quem estava apaixonada chegando à festa com a namorada. Chorou por
um ano.
Vinte
anos depois, digitaliza as velhas imagens do VHS para o DVD. Ri e se diverte com
tudo aquilo. Sente saudades de um grande número de convidados já falecidos.
Repara como alguns eram bem mais jovens e como as crianças cresceram. Lembra de
alguns sucessos musicais da época. Percebe que havia se divertido bastante no
final da festa. Chora de emoção ao se dar conta de que era feliz e não sabia.
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