Eu
estava sentado no banco de trás. Meu padrinho parou no sinal vermelho. Minha
madrinha, no banco do passageiro, olhava no celular os horários para assistir
ao filme. O primeiro 3D que veríamos.
Um
homem veio em nossa direção.
Encostou-se
à porta e perguntou ao meu padrinho se ele tinha uns trocados.
Eu
fiquei observando. Olhei para os lados. Havia poucas pessoas no cruzamento. O
homem estava mais para um mendigo/bêbado do que para um possível assaltante.
Minha madrinha continuava a olhar o celular. Relaxei um pouco.
Humm, disse
meu padrinho. Ficou olhando para o sujeito. Depois desviou o olhar para o
farol. Ainda vermelho.
Voltou-se
para o homem. Minha madrinha pôs o celular de lado e passou a observar a interação
com mais atenção.
Mas olha, disse
o homem, não vou mentir não, viu. É pra
tomá umas pinguinha.
Ele
já estava meio mamado. Embolava as palavras.
Ah, é mesmo? Meu
padrinho deu uma risadinha e pegou duas moedas do console.
Tó, ele
disse ao entregar as moedas.
Ô, moço. Brigadão mesmo, Deus
abençoe.
Ele
falava com alegria. Havia ganhado o dia, de certo.
Meu
padrinho acenou com a mão. O farol abriu.
Ele
arrancou com o carro.
Nós
rimos.
Pelo menos esse foi honesto, disse
minha madrinha ou meu padrinho.
Não
me lembro muito bem. Talvez ele não tenha dado moeda nenhuma para o bêbado.
Mas
o homem foi honesto. Disso eu lembro.
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