No último dia 15 teve início mais
um Horário de Verão. O adiantamento do relógio em uma hora, de outubro a
fevereiro, ocorre no Brasil, ininterruptamente, desde 1985, com o pretexto de
economizar energia nas horas de pico durante o verão.
Acontece que, pela primeira vez,
em 32 anos, o horário especial anual foi ameaçado de não ser adotado. O
Operador Nacional do Sistema (ONS) concluiu que o uso de aparelhos ventiladores
e de ar condicionado anula a economia proporcionada por mais luz natural nos
horários de pico (das 18 às 22 horas) e pediu que o presidente da República,
Michel Temer, autorizasse o cancelamento.
O presidente não autorizou e o Horário de Verão foi mantido. No ano que vem deve ocorrer uma consulta popular para saber se o povo deseja ou não acabar com o horário adiantado. Pressionado por denúncias de corrupção e pela baixa popularidade, Temer não quis criar mais atrito com a sociedade.
Mas se dependesse de um grupo que
aparenta ser maioria, iria acabar. A turma do contra se incomoda com a hora
perdida e gosta de jogar na cara de quem não trabalha que acorda para pegar no
batente no escuro. Como se fosse o ano todo. E eu sou sempre minoria. Adoro o
Horário de Verão. E não é porque estou desempregado.
Já acordei cedo para ir à escola,
já estudei à noite e nunca passei mal gravemente por causa de uma hora perdida.
E mesmo se eu trabalhasse e acordasse cedo continuaria adorando, porque além de
poder sair do trabalho ainda com sol, o céu clareia mais cedo, nesses quatro
meses, por volta das seis da manhã.
Dando um exemplo mais real, que
eu já vivi, adorava sair do curso de inglês ou da pós-graduação com o céu ainda
claro. Nas minhas férias de final de ano, quando era criança, dava para passear
à noite com os meus pais. Atualmente, dá para levar a minha mãe idosa à missa
das seis da tarde, pois, durante a maior parte do ano, só a levo nas missas da
manhã. E nesses tempos de extrema violência no Brasil (e não só no Rio) dá mais
segurança. Sem falar no aumento do turismo.
E são esses fatores (turismo e
segurança, claro) que deveriam ser usados como justificativa para manter o
Horário de Verão. Não focar na duvidosa economia de energia. Com certeza, a
turma do contra vai dizer que também não há melhora do turismo e da segurança
porque a violência desenfreada acontece até à luz do dia.
Usado em diversos países, por que
o Brasil tem que ficar na contramão? Quando a Europa e os Estados Unidos
começarem a cortar o Horário de Verão, talvez eu aceite o seu fim. Posso estar sendo
infantil com os meus argumentos mas, se eu mandasse no país, o Horário de Verão
continuaria para sempre (só durante os quatro meses, evidente). E se alguém
reclamar, mandaria adiantar o relógio em duas horas.
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