Banco de parque


Dois homens estavam sentados em um banco de parque, tomando café e conversando.

“Sabe, tenho lido algumas matérias e tem muita gente dizendo que não aguenta mais lerem livros em que o narrador faz perguntas ao leitor, ou quando brinca com o texto, ou usa figuras de linguagem demais.”

“É mesmo! E não é só com os livros que isso acontece. Dizem que no cinema tem adaptações demais, que o filme é sempre ruim, o original é melhor, e isso, e aquilo outro... Por que não vão pra...”

“Não, não, não, não! O pior é que tem que comentar em todas as redes sociais possíveis, falar pra Deus e o mundo que não gostaram do que leram ou ouviram ou assistiram.”

“Agora me responde uma coisa, quem mandou ficar lendo ou assistindo? Será que o autor tinha um porrete do lado e ficava repetindo: ‘Lê! Vai, continua a ler! Vamos!’ É um absurdo!”

“Parece que preferem passar o tempo criticando aquilo que não gostaram do que apreciando o que gostam.”

“É!”

“É!”

Os dois finalmente perceberam que estavam falando alto, até esbravejando. Então um sussurrou ao outro, quando as pessoas que estavam olhando assustadas começavam a retornar ao que estavam fazendo.

“Acho somos nós é que estamos fazendo isso, não é?”

“Pior...”

Ficaram em silêncio por alguns minutos focados em seus cafés. Depois retornaram a conversa.

“Mas e então, como foi o fim de semana?”

“Nossa... Horrível! Minha sogra apareceu e aí...”


Conto de Lucas Beça

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