Tum, tum, tum.
O Cowboy parou na frente da porta do bar. Um trabalhador
malcheiroso da mina de carvão passou por ele. A portinhola ainda estava
rangendo, para dentro e para fora. Ele entrou. Passou por uma mesa onde um
grupo de idiotas jogava cartas. Estavam bebendo e fumando. Em seus coldres pistolas impunham medo nos
pouco preparados. O cowboy não era um desses.
Uma prostituta aproximou-se dele, enquanto sentava-se na
banqueta de frente para o balcão.
“Olá, garanhão. Está com vontade de se divertir essa noite.”
Ele não respondeu. Talvez se a ignorasse ela o deixaria em
paz. Ele só queria uma dose e uma boa noite de sono antes de sair daquela
cidade medíocre.
“Uma garrafa da melhor bebida que tiver.”
“Tem certeza?”, perguntou indignado o barman. “São mais
de...”
O cowboy tirou duas notas grandes e jogou em cima do balcão.
O atendente foi logo pegando as notas antes que o forasteiro mudasse de ideia.
Pegou um copo de vidro e colocou ao lado da garrafa.
A prostituta continuava a estudar o cowboy. Tinha um belo
corpo e seria uma noite muito boa. Não era como aqueles velhos que ela
costumava atender. Talvez até desse um desconto.
“E então, cowboy? Vamos lá pra cima pra ver...”
“Não enche!”
Ele pegou a garrafa e o copo e foi em direção à janela do
lado oposto do estabelecimento. A moça não poderia perder a oportunidade. A
porta rangeu novamente e um velho bonachão entrou. Ela passou a mão no pescoço
do cowboy.
“Espera aí garotão!”
Ele virou-se e segurou a prostituta pela mão. Apertou com
força.
“Eu já disse. Não enche.”
Ela deu uma risada quando ele a soltou. Continuou a andar.
Ela tentou novamente. O cowboy deu-lhe um empurrão de leve. Ela não se
machucou, mas foi o suficiente para que todos que estavam ali no bar levantassem.
Alguns até colocaram a mão nas pistolas. Um dos que levantaram apontou o
revolver para o forasteiro.
“Quem você pensa que é, hein? Quem é você pra vir aqui bater
nas nossas mulheres? Essa aí é a minha preferida, se machucar ela...!”
O cowboy aproximou-se daquele que estava apontando a pistola
para ele. Ele levantou o chapéu e estudou o homem. Cheirava a bebida barata.
“Quer saber quem eu sou? Hã? O que quer saber? O meu nome? O
que eu faço pra pagar as contas? Pra quem eu trabalho? Se eu trabalho? Hã?
Vamos, diga!”
Ele aumentava o tom de voz a cada palavra.
Quando tirou o revolver do coldre o homem se assustou. A
prostituta se encolheu de medo. O forasteiro apontou a arma para a parede.
Havia algumas folhas gastas, com os dizeres Morto ou vivo pregadas na parede.
Ele deu um tiro na cabeça de um desenho parecido com ele.
Todos se abaixaram. Ele colocou a pistola no coldre novamente e fixou o seu
olhar no homem. Ele colocou o copo e o encheu com o líquido que acabara de
comprar.
“Isso responde à sua pergunta?”
Ninguém ousou responder.
Ele estendeu o copo para a prostituta. Ela pegou com as duas
mãos por medo de deixar cair por conta da tremedeira.
“Desculpe se fui um pouco rude. Situações assim me deixam um
pouco nervoso.”
Ele ajeitou o chapéu novamente e saiu do bar bebendo direto
da garrafa.
Na folha com o rosto dele estava o pistoleiro mais caro do
Oeste.
Apenas O Cowboy.
Conto de Lucas Beça
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