Em
um prédio antigo na Barata Ribeiro, quase esquina com a Hilário de Gouveia,
mora Margarete. Uma bela mulher de quarenta e cinco anos, pele enxuta sem
nenhuma ruga, apesar da idade. Cabelos compridos e ondulados castanhos claros,
corpo atlético sem nenhuma barriga. Todas as quintas-feiras ela recebe a visita
de Danilo, um jovem forte e bonito, moreno, olhos verdes, cabelos longos e
lisos, presos em um rabo de cavalo.
Margarete
é bem casada com um empresário, pai dos seus dois filhos. É Danilo quem faz
companhia a Margarete durante todas as manhãs de quinta-feira, embora fique apenas
duas horas. O marido trabalha o dia inteiro. As crianças estão na escola.
Conversam, assistem TV, brincam. Por volta de meio-dia, já almoçado, Danilo
deixa o apartamento de Margarete prometendo voltar na próxima quinta.
Danilo
segue caminhando pela Barata Ribeiro, atravessa a Siqueira Campos e dá na Nossa
Senhora de Copacabana. Na quadra seguinte, entra na Figueiredo de Magalhães e
termina a caminhada em um prédio, também antigo. Lá, visita Teresa, uma bela jovem
de vinte e cinco anos, loira, cabelos lisos, recém-casada, recém-formada em
direito e recém-desempregada. Seu marido é militar e está sempre viajando. Só
vê a mulher nos finais de semana. Às quintas, quem vê Teresa é Danilo, que lhe
faz companhia. Conversam, assistem TV, brincam.
Às
quatro da tarde, Danilo deixa o prédio de Teresa e caminha com destino à
Constante Ramos, onde costuma consolar Regiane, uma bancária de trinta e poucos
anos. Alta, pele clara, cabelos ruivos cacheados, forte de corpo e mentalidade,
mas frágil emocionalmente por ter perdido o marido em um acidente de carro há seis
meses. Reginaldo era o amor de sua vida. Namoravam desde a adolescência. Foram
casados por apenas cinco anos. Regiane ficou um mês de licença. Nesse tempo foi
apresentada à Danilo pela amiga Maribel, prima do rapaz.
Danilo
devolveu à Regiane o prazer de viver. Graças ao seu apoio emocional, Regiane
voltou ao banco onde trabalha. Os primeiros encontros eram nas manhãs de
quinta-feira. Mas passaram para depois das quatro quando Regiane retornou da
licença. Aliás, Danilo chega sempre antes de Regiane, pois tem a chave do seu
apartamento.
A
noite começava a cair sobre o mar de Copacabana, os prédios acendiam as suas
luzes, as ruas a iluminação pública, lojas e hotéis os seus letreiros luminosos.
Danilo já estava na Avenida Atlântica, quase perto do Forte. Faltava visitar
Nathália, uma jornalista paulista que veio transferida para o Rio apresentar o
jornal local da tarde na TV.
Nathália
é uma morena de olhos claros, cabelos ondulados, seios fartos sempre escondidos
pelo tailleur que usa na redação e no estúdio localizado na Lagoa. Trabalha até
as cinco da tarde. Depois corre para o apart-hotel em Copacabana, onde está
morando, só para encontrar Danilo, um dos dois únicos homens que têm o direito de
ver o seu decote e algo mais. O outro é o seu marido Gilberto, um deputado
estadual que a aguarda ansiosamente em São Paulo todos os finais de semana.
Um
dia, exatamente no mesmo em
que Danilo visitou Margarete na Barata Ribeiro, Teresa na
Figueiredo de Magalhães e consolou Regiane na Constante Ramos, Gilberto decidiu
fazer uma surpresa a sua jornalista favorita. Visitou Nathália em seu apart-hotel.
Encontrou-a nua na cama ao lado de Danilo.
Este
se vestiu sem nenhuma pressa, cumprimentou o marido, saiu tranqüilamente do
quarto, deixou o hotel e tomou, na Nossa Senhora de Copacabana, o ônibus da
linha 484 com destino ao subúrbio, indiferente à reação do marido traído.
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