Por que pessoas talentosas e competentes são tão arrogantes? Não escrevo
este texto para tentar responder a esta pergunta, mas para expor os fatos e
desabafar as minhas experiências com as decepções que eu tive com esses talentos.
Todas as pessoas que fazem um ótimo trabalho, que eu tenho o maior
prazer de ler, assistir ou prestigiar, são arrogantes quando eu as procuro para
dar uma dica ou uma informação, pedir algum favor ou até para elogiar. Parece
até que querem que eu puxe o saco sempre.
Meus exemplos escolhidos para esta crônica são: um especialista em
novelas, que tem um site ótimo que conta a história de todas elas; um aspirante
a jornalista esportivo, também dono de um site bem informado sobre futebol e
banalidades diversas da mídia; o editor de um site de automóveis que, além de
mostrar as novidades do mercado, também conta a história dos carros do passado,
a editora-chefe do programa de um canal a cabo que mostra imagens jornalísticas
raras e uma apresentadora paraibana de telejornal famosa por seus comentários
sinceros. Fora outros que não citei para não alongar o texto.
O especialista em novelas já debochou das sugestões que eu dei, mas as
usou, além de ter me respondido com um e-mail grosseiro. Isso anos atrás.
Recentemente troquei algumas mensagens com ele, que me respondeu educadamente,
não sem antes me dar uma bronca por tentar conversar pelo Twitter. A penúltima
dele foi ter bloqueado um seguidor do meu Twitter sem explicação. Bloqueei-o em
solidariedade ao meu amigo.
O jornalista esportivo demorava para responder às minhas dúvidas e
sugestões de pauta. Mas bastava expor o meu bairrismo fluminense e criticar a
ditadura cultural de São Paulo para ele me repreender rapidamente. Ele rompeu
comigo e me bloqueou do Twitter só porque eu defendi uma brincadeira sobre as
pessoas nascidas em setembro que foram concebidas no Natal. Pra isso ele reagiu
rapidinho enquanto demorou um dia para agradecer aos parabéns que dei a ele no
seu aniversário dias antes.
O jornalista de carros me repreendeu por usar uma foto do site dele,
mesmo eu tendo pedido autorização e dado os devidos créditos. Pediu pra eu não
usar mais as fotos. Obedeci, mas me deu vontade de não visitar o site nunca
mais. Só continuo visitando porque ele é muito bom. Porém, não sou mais tão
assíduo como antes.
A editora-chefe do programa de TV coordenou uma pós-graduação de
telejornalismo que eu cursei, mas que só me deu dor de cabeça, insônia e
aborrecimento. Abandonei o curso, mesmo faltando duas matérias para terminar.
Além de descobrir que não tinha talento nenhum para aparecer no vídeo (falta de
talento que uma professora fez questão de destacar), fui traído pela colega por
quem tinha mais consideração. Ela ficou fazendo corpo mole para que eu
desistisse de fazer o programa final com ela para depois ficar dizendo que fui
eu quem não quis fazer parte do grupo dela. Ninguém me acolheu e fiquei
sozinho, sem ter como fazer o trabalho final desta forma. Ia passar mais um
vexame. Quanto a tal coordenadora do curso, mandei meus contos por e-mail para
ela, que também é escritora de livros infantis e tem contrato com uma grande
editora, me indicar para a mesma. Sequer me respondeu.
O que me dói é saber que eu fui o único desse ninho de cobras
traiçoeiras que não se deu bem profissionalmente com essa pós-graduação. Talvez
porque não sou traiçoeiro. Só não processei a coordenadora e a faculdade porque
não tenho provas e nem fundamento jurídico. Esses ex-colegas falsos e esnobes
não têm talento algum e consigo boicotar o trabalho deles. Mas não consigo
deixar de assistir ao tal programa editado pela coordenadora.
O novo exemplo é de uma apresentadora de telejornal de rede que foi
importada da Paraíba, justamente, por um comentário sincero sobre o carnaval,
que desagradou bastante empresários do seu estado natal. Ela foi demitida lá e
se mudou para São Paulo.
Recentemente, ela fez um novo comentário sobre um marginal amarrado no
poste no Rio por jovens do Flamengo. Falou tudo o que eu não tenho coragem de
dizer nem nas redes sociais. Já comentei várias vezes no blog dela, concordando
com as suas opiniões e manifestando o meu apoio. Ela sequer aprovou o meu
comentário. Ela está fazendo abaixo-assinado pela defesa da liberdade de
expressão e pela defesa dela mesma, que está sendo acusada de incentivar a
violência. Embora concorde com tudo o que ela disse no famoso comentário, me recuso
a assinar. Pra ela aprender a deixar de ser esnobe.
Tem gente que ainda diz que pessoas talentosas podem ser arrogantes. Que
merecem. Eu não acredito. Tem gente talentosa muito mais humilde. Será que eu
serei arrogante assim se eu ficar famoso? Estou com medo.
1 Comentários
Também já passei por uma situação similar, hoje as pessoas são desconfiadas demais e com motivo, quando vc é humilde ou pelo menos se esforça a ser reconhecendo a superioridade de outras pessoas em algumas tarefas isto é visto como falsidade, infelizmente.
As pessoas tem tempos diferentes para cada coisa, assim como vc se desenvolveu rápido para ler,interpretar e se expressar clareza outros podem levar muitos anos para ter 10% de sua habilidade, por outro lado vc pode mesmo ser mais "atrasado", se puder utilizar esta palavra para se expressar com naturalidade frente a câmeras, isso é normal e seus colegas podem ser ignorantes quanto a isso, aconteceu com Eistein em outro contexto,apenas para citar um exemplo.
Eu sou atrasado na minha profissão, já vi colegas se desenvolverem bem mais rápido do que eu e o que me incomoda é que é algo que eu amo ou sou viciado, simplesmente não consigo abandonar.
Alguns dizem que a persistência nestas condições produzem bons resultados, digo isto pois me pareceu pelo seu comentário que seu objetivo seria produzir matéria em vídeo obviamente com qualidade condizente com a escrita e este mba de deu uma esfriada.
Finalizando, registrei este comentário como pessoa absolutamente neutra,não lhe conheço, não sei dizer se o que sua coordenadora disse está certo ou errado no seu caso, mas que talvez fosse de ajuda este feedback, no sentido de te incentivar a produzir este material.
Muitas vezes os "especialistas" erram feio, vide o caso Paul Potts.
Saudações!