Depois do 7

 


7 foi o número de vezes em que ele ganhou da roleta.

Durante 7 dias, antes de ir para a delegacia cumprir seu turno, ele botava uma bala no tambor, girava e disparava contra a mesinha de centro de sua sala de estar.

Antes de começar a fazer isso, isolou o cômodo acusticamente para não chamar a atenção dos vizinhos.

Ao ouvir o som seco da arma disparada sem a bala, soltava a respiração.

Colocava ela de volta na gaveta (era uma arma diferente da que usava no trabalho), vestia a camisa e saia para o serviço.

No oitavo dia a bala saiu do cano e fez um furo na mesa.

Ele soltou a respiração e lágrimas escorreram.

Nesse dia ele se atrasou para o trabalho.

Colocou um tapete sobre a mesa para esconder o buraco.

Após as lágrimas pararem, tomou um banho, pôs a roupa, entrou no carro e dirigiu sem destino por pelo menos uma hora.

A partir desse dia, sua vida nunca mais foi a mesma. Tinha visto a morte.

 

 

Conto de Lucas Beça

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