Conto de Gustavo do Carmo
Imagem encontrada no Google
Mal atravessou a porta automática de vidro da livraria em uma média cidade do interior do estado, que é bem iluminada, refrigerada e tem uma boa variedade de títulos, o anônimo escritor foi logo reconhecido pela atendente que o aborda:
— Oi, aqueles livros que você me perguntou se tinham, “Garras da Inteligência” e o “Homem sem biografia”, já chegaram.
— Ah, obrigado por reservar. Mas,desculpa, eu já os comprei lá no Rio. O primeiro eu já li e o segundo estou na metade.
A funcionária faz uma cara decepcionada e lamenta.
— Nós que pedimos desculpa por não termos os livros na hora em que você queria. Não sabíamos que você estava com tanta pressa para lê-los. Infelizmente chegaram tarde demais, né?
— Tudo bem. Eu agradeço por me lembrarem do meu pedido depois de sete meses. Agora vim aqui procurar por outro livro. Vocês têm a biografia de Lella Salvattore?
— Deixa eu ver aqui no computador.
A moça se encaminha para o balcão e é acompanhada pelo cliente. Batuca no teclado do computador aqui, clica no mouse ali e depois de um minuto de silêncio responde frustrada:
— Infelizmente não.
— Obrigado.
O conhecido cliente e escritor anônimo se encaminha para a porta de vidro e sai da livraria. No dia seguinte e nas próximas cinco tardes ele volta e faz o mesmo pedido. Na última negativa tem a certeza de que a livraria não tem tanta variedade quanto aparenta e só vai encontrar o livro que quer no Rio.
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