Ao chegar na rua de Lívia, Marcelo já
estava na metade do segundo cigarro seguido.
Ele entrou e viu que ela tinha dormido
no sofá, toda torta.
Na cozinha, ele deixou o saco de pães
sobre a pia e resolveu fazer outro café. Pegou um novo coador, pôs duas
colheres de pó, encheu a jarra de água, colocou-a na cafeteira e ligou. Pegou
seu celular e colocou alguma música. Aleatório. Sabia que quando viesse uma
música que ele não quisesse escutar naquela hora iria mudar, mas gostava da
sensação de não saber qual seria a próxima música.
Pegou uma das toalhas menos suja e a
estendeu.
Dois copos, umas facas, duas
colherinhas, a tabuinha de descanso, o saco de pães, a margarina, o açúcar, o
pedaço de queijo que estava guardado numa tupperware sem tampa.
Sentou-se para esperar o café ficar
pronto.
Sentia que a dor de cabeça estava
voltando, então tentou não pensar nisso para não piorar.
Uma das músicas que ele tinha no
celular, mas que nunca escutava começou a tocar. Porém seus braços estavam
pesados, sonolentos. Ele deixou que ela continuasse.
Ficou ali sentado, olhando para o nada,
com os olhos querendo fechar. Quis fumar mais um cigarro. Lembrou-se de que
estava querendo parar. E além disso, Lívia não gostava que ele fumasse em casa.
Idiota.
Murmurou baixinho para si mesmo, dando
um risinho de deboche, ao pensar no atendente da padaria.
Espreguiçou-se.
Estava sonolento. A xícara de café que
tomara não fizera o efeito que ele esperava.
Abriu o saco e tirou um pão. Cortou-o
na metade. Pegou uma delas e passou margarina. Fez uma canoa e deu uma mordida.
Até que não estava ruim.
A cafeteira começou a roncar.
Estalou.
Todo o café estava passado.
Levantou-se e trouxe a jarra para a
mesa.
Colocou metade em cada copo, açúcar e
mexeu com a colherinha.
Pegou os dois e foi em direção à sala.
Nono capítulo do conto de Lucas Beça
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