E aí, consegue?



- Ah, fica quieto, eu disse para ele.

- Mas eu tô falando. Aquele cara não joga nada! Não consegue dar dois passes certos em seguida.

Suspirei.

Continuei a tomar meu café.

- E você? Consegue?

Ele também tomou mais um gole do seu café.

- Hã?

- Consegue?

- O quê?

- Dar... dois passes certos seguidos?

Ele me encarou por alguns segundos. Depois deu uma risadinha.

- Acho que não.

Ri também.

- Mas e aí, como andam as coisas?

Na tevê da padaria começava a subir as letrinhas do final do jornal, depois de passar os gols da noite passada.

Ele se distraiu com a tevê.

- Tudo bem, tudo certo, disse se virando para mim novamente.

- Que bom. E o filhote?

- Ah, tá grande pra caramba. Falando bastante.

- Que legal, disse com um sorriso no rosto.

...

- E você?

- Eu o quê?, perguntei idiotamente.

- Como é que estão as coisas?

- Tudo bem, também – menti.

- É isso que importa, né?

Concordei.


Conto de Lucas Beça

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