Vai dar tudo certo



Vai logo. Corre. O tempo está passando. Não está percebendo? O tempo está passando. Tique-taque, tique-taque, tique-taque. Vai lá. Faça isso, faça aquilo. Tamo na correria, não é mesmo?


Mas eu não. Fico aqui, nessa mesa de plástico, sentado nessa cadeira de plástico, com um copo cheio, várias garrafas vazias, a tv passando os gols do fim de semana, depois discutem a situação de cada um dos tais "grandes". Grandes porque eles querem que sejam, porque juntos devem estar devendo na casa dos 12, 13, 14 dígitos. E ninguém faz nada a respeito disso. Porquê eles mantém a roleta girando. E eu? Eu não posso fazer nada a respeito disso. É mesmo que pudesse, não faria nada.

O que eu posso fazer é terminar esse copo, comprar um fofura, pra botar alguma coisa no estômago, e voltar pra casa tirar uma soneca. Esperar que não sufoque no próprio vômito, caso isso aconteça.

Depois uns amigos vão passar em casa e vamos no cinema. Lá eu sei que eu vou estar meio de ressaca e vou dar vexame por causa do preço da pipoca e é bem provável que eles nem me chamem da próxima vez. Na verdade não sei porque ainda me chamam pra essas coisas.

Se tiver que segurar vela eu bato o pé e faço birra. Não tô nem aí. Que negócio é esse? Se pelo menos se comportassem como seres humanos normais, mas não, tem que ficar fazendo vozinha, dando beijinho.

Ah, pelo amor de Deus!

Mas calma, vai tudo certo.

Vai ser um domingo legal. Vai acabar com uma depressão pré-segunda, mas tudo bem. Vou sobreviver.


Conto de Lucas Beça

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