ENTREVISTA - ELIAS HATAB

Entrevista concedida por e-mail a Gustavo do Carmo
Perfil por Sheila Fonseca



Um mergulho no universo cênico



Mutação, corpo, som e movimento. Esses são os instrumentos utilizados por Elias Hatab no processo da arte de atuar, ao qual o jovem ator carioca se entrega com profundidade.

Descobriu seu interesse pelas artes cênicas aos 14 anos quando à convite de um amigo foi assistir a uma aula do curso livre de teatro, do professor Vivaldo Franco, no teatro Zimbiensky, na Tijuca.“Fui de início despretensiosamente e simplesmente me apaixonei. O Vivaldo era um professor maravilhoso e ali eu percebi que era o que eu buscava. Nós fizemos o curso e ao final encenamos uma peça infantil chamada A Caminho de Belém e aquela experiência de palco foi maravilhosa.” diz o ator.


No ano seguinte, entrou no ensino médio e pressionado pelas obrigações com estudo fez uma pausa “Nunca sofri tanto em toda a minha vida (risos). Era complicado assistir televisão, ir ao cinema ou ao teatro e sentir que não era eu quem estava ali. Foi duro, mas ao mesmo tempo essa aferição foi fundamental para que eu tivesse a certeza de que era aquilo que eu realmente queria para a minha vida, que esse era o caminho real. Foi um amadurecimento importante.” conta Elias.


Quatro anos depois retornou ao teatro em um curso de interpretação ministrado pelo ator Yuri Gofman.Trabalhando em um escritório de sua tia, por sugestão dos tios de que seria interessante uma formação, ingressou na faculdade de Gestão Empresarial, na Universidade Veiga de Almeida, mas ao término do 1º período, deixou a faculdade e retornou ao teatro.Fez inúmeros cursos, workshops com profissionais renomados de artes cênicas, dentre eles Daniel Ghilveder, Régis Faria, Flávio Colatrello e em seguida ingressou na CAL (Casa de Artes de Laranjeiras) no Curso de Formação de Atores.Já participou de diversos espetáculos teatrais como Cabaré - A Vida Como Ela É, Bodas de Sangue, Nem Tudo está no Timing, A volta da Velha senhora, O Espelho Encantado, dentre outros.


Participou da webnovela ‘Pela Primeira Vez’, em 2009.
Em cinema participou do filme High School Music – O Desafio, da Disney e da Total Filmes, que entrou em cartaz em fevereiro de 2010.

Seu trabalho mais recente em teatro é a esquete ‘O Acre’, baseada na obra ‘Tudo no Timing’, do dramaturgo norte-americano David Ives, que vem sendo encenada em eventos diversos eventos na cidade do Rio de Janeiro como Araka, Corujão da Poesia, Arte em Andamento e Pitada.

A esquete é parte integrante de um projeto de Elias Hatab, cuja proposta é a encenação de esquetes e realização de pequenas intervenções teatrais em eventos multiartísticos, multiculturais ou abertos, em que as pessoas possam ter acesso e se socializar com a linguagem teatral de uma maneira mais próxima. A intenção é remover a formalidade do espaço teatral tradicional e o distanciamento do palco, permitindo assim, que se promova uma popularização do teatro e uma troca de experiências com o público.


Ao Tudo Cultural, Elias fala sobre o início de sua carreira, seus trabalhos, seus personagens, projetos e preferências culturais.


Elias, foi muito difícil conseguir a sua primeira oportunidade no teatro?
A primeira peça que fiquei em cartaz, foi por acaso uma peça de final de curso. Nosso professor/diretor, Vivaldo Franco, montou "A Caminho de Belém" e conseguiu uma temporada de 1 mês no Teatro Ziembinski.

Você sofreu mesmo quando ficou fora das artes cênicas ou foi só uma brincadeira (risos)?
(faz uma pausa para pensar)
Não cheguei a morrer, nem entrar em depressão por causa disso, mas era bem chato não poder fazer o que eu amo.

Como surgiu o convite para fazer parte do elenco do filme High School Musical?
Um produtor me chamou para fazer o teste e eu passei.

Fale-nos sobre o seu personagem no filme e como você se compara ao personagem original norte-americano?
Não tem como comparar a versão americana com a brasileira. São bem diferentes.

De qual história de "A Vida como ela É" (de Nelson Rodrigues) você mais gosta?
O Desgraçado, mas sou meio suspeito para falar porque a encenei na CAL (Casa de Artes de Laranjeiras).

Como é ou são os seus personagens na peça Cabaré - A vida como ela é?
Fiz três quadros nessa peça. Um deles foi "Uma Senhora Honesta", junto a Ana Maria Lima e Felipe Miguel, no qual interpretei o Valverde, um homem hilariante e completamente submisso à esposa, e o Narrador. A outra foi "O Desgraçado", junto com o Felipe Miguel, alternei entre o Pimentel, Narrador e o Dr. Ribas. O terceiro quadro e não menos importante foi uma participação na cena "Selvageria" como um vizinho fofoqueiro, esse foi muito divertido.

Por que levar as histórias de Nelson Rodrigues para o formato de cabaré?
Nelson, assim como o Cabaré, não tem pudor em mostras algumas verdades...

Atuar em uma novela na internet é muito diferente de atuar na televisão? Tem alguma característica da web que exige uma forma de trabalho diferente?
Não sei, pois nunca fiz TV. Mas acho que não deve ser muito diferente, a linguagem é a mesma: vídeo. E, nos dois formatos, a proposta é fazer um trabalho de dramaturgia.

Como tem sido o retorno do seu projeto de encenação de esquetes e realização de pequenas intervenções teatrais em eventos multiartísticos, multiculturais ou abertos, como a esquete 'O Acre'?
É muito bom poder mostrar um trabalho que você construiu com os amigos.
Eu, o Felipe Miguel e a Cecília Vaz estamos muitos felizes de poder compartilhar essa história maravilhosa.

Tem algum projeto mais próximo de produzir uma peça inteira?
Eu adoro escrever e penso nisso sim, mas não para agora.

Está satisfeito com a sua carreira ou planeja vôos mais altos?
Penso sempre em crescer e aprender na profissão.

Tem planos de concluir sua faculdade de Gestão Empresarial?
Acho que não. (risos)

Qual papel você mais gostaria de fazer?
Um Hamlet, talvez. Nunca tinha parado para pensar nisso, boa pergunta. (risos)

Qual o seu gênero preferido na arte cênica?
Comédia, sem dúvida.

Quem mais te ajudou e influenciou na sua carreira? Se for alguém do meio artístico, cite alguém da sua família e vice-versa.
Minha família sempre me ajuda. Quem mais me influencia são alguns atores brasileiros, tipo: Fernanda Montenegro, Tony Ramos e Glória Pires.

Perguntas pessoais: Gosta de ler? Gosta de escrever? Já escreveu algum roteiro? Qual seu livro preferido? Música? Peça? Filme? Novela ou programa de televisão? Quais os seus ídolos em cada gênero cultural?
Adoro ler. Adoro escrever. Tenho vários textos inacabados, mas estou trabalhando neles. Meu livro preferido: todos da série do Harry Potter, cresci lendo esse livro.
Música predileta é a Pop. Peça... Clasdestinos, gostei muito dessa peça.
Filme: Hair. Novela: A Favorita, que novela!!!!

Algum recado para os leitores do Tudo Cultural ou aspirantes às artes cênicas?
Estudem muito, é sempre o melhor caminho. Entrar no mercado de trabalho sem estar preparado eu não acho muito bacana.

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