O que tenho para hoje

 


        É sobre pensar na caveira com a vela acesa derretendo. Ela vai se apagar.

        Não vou ser piegas, o tempo passa. Sempre volto ao tempo. E é ele que manda em todas as coisas. Você vai continuar ou não.

        Fazer aquilo que é importante para você? Bobagem? E se você parasse? O que aconteceria?

        Será que vale a pena? 

        Filosofia barata, é o que tenho para hoje. E aquela ideia? Aquela língua nova? Aquele convite para tomar um café que se transformaria em um orgasmo e num coração partido depois?

        Tudo cíclico. Tudo vai, volta, às vezes não volta.

        Mas o que eu quero dizer com isso tudo? Uso a escrita quando estou num farol vermelho? Quando estou apaixonado? Quando estou pedindo meia dúzia de pãezinhos na padaria do mercado? Quando digo “vamo deixar pra outro dia”? Uso a escrita quando alguém me lê? Se alguém me ler.

        Está tudo muito confuso. Não sei qual a resposta. 



Conto de Lucas Beça

Imagem: https://morguefile.com/p/848917

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