Pensei que seria uma noite melhor

 


Me peguei pensando agora há pouco numa noite em que eu fui no mercado.

            Talvez não seja uma noite específica, mas várias misturadas em que eu fiz praticamente as mesmas coisas em automático.

            Depois de pagar, embalar as compras, dar mais uma olhada na moça do caixa, coloquei as sacolas no bagageiro e entrei no carro.

            Deixei a porta entreaberta. Liguei o rádio e estava tocando uma música de um show de uma banda velha e esquecível.

            Fiquei observando o cruzamento. Os carros indo, vindo, parando, sinal verde, amarelo, vermelho, ônibus, motos, etc.

            Alguns caras que pareciam ser trabalhadores, outros não, algumas mulheres bonitas, outras feias.

            Peguei o celular e mandei uma mensagem para dois amigos que, pensei eu, poderiam estar de bobeira, para tomar um café aquela hora da noite.

            Mandei um “e ae, tudo certo? Fazendo o que de bom? Vamo tomar um café agora, jogar conversa fora? To aqui no centro.”

Algo assim.

Vi em algum lugar um cara falando sobre um estudo em que perguntaram a millennials se as chances eram grandes de um amigo desmarcar um encontro caso algo melhor, mais divertido ou interessante aparecesse. A resposta da maioria foi que sim. Não contavam muito com seus amigos.

Refleti um pouco sobre isso até ser desperto por uma mensagem.

A mensagem dizia que só podia depois das onze.

“aí fica mt tarde pra mim. Deixa pra próxima então.”

Depois de alguns minutos o outro respondeu que estava em um compromisso naquele momento.

Pensei, “esse compromisso não deve ser tão importante, se está olhando o whatsapp.”

Guardei o celular e liguei o carro.

Voltei pra casa.

Tomei uma cerveja.

Assisti qualquer merda que estava passando na TV.

Capotei no sofá.

 

 

Conto de Lucas Beça

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