Eu
tinha ido assistir uma palestra na biblioteca de São Paulo. No caminho, dentro
do ônibus, fiquei pensando se chovia ou não. Se não chovesse eu iria ao
Canindé. Era um sábado. A palestra às 11, o jogo às 3. Fazia uns 6 anos que eu
não ia no estádio. A palestra era mais um bate-papo com o microfone pra
platéia, e se eu não me engano era da Elvira Vigna. Não me lembro muito do
bate-papo. Sei que não fiz nenhuma pergunta. Deve ter a gravação no YouTube, se
tiver a paciência de procurar.
Sai
dali e peguei o metrô. Desci na estação Armênia. Fui andando. Me perdi, refiz o
caminho, achei o muro branco, com os portões verdes e vermelhos. Lá dentro
comprei o ingresso, entrei, tirei umas fotos, me sentei. Pedi para um cara
tirar um foto de mim – não era fã de selfie. O cara não falava português. Ele
estava com um outro cara. Pareciam estrangeiros. Perguntei em inglês se podia
tirar uma foto. Ele disse que sim. Tirou a foto. Perguntei e disseram que eram
da Holanda. Legal, pensei. Ajudei-os a comprarem um guaraná. O ambulante que
estava atendendo era meio lento e obviamente não falava inglês.
The
green one, o holandês disse. Pedi o guaraná. Pensei em conversar mais
com eles, mas não quis ser chato. Ficamos atrás do gol que a Portuguesa estava
atacando.
Numa
cobrança de falta, a Lusa abriu o placar. 1 a 0 em cima do Juventude. No
intervalo eu fui para o meio da arquibancada, em baixo da numerada. Os dois
ficaram lá.
O
técnico do time gaúcho foi expulso na metade do segundo tempo. A torcida
comemorou. Mas logo depois tudo foi por água abaixo. Os caras viraram. 2 a 1.
Fui embora. Na saída vi os gringos de novo. Fui dizer tchau. Um deles disse: It wasn't this time. Eu disse: Well,
there's nothing to do, right? Ele disse: But It was a good match. Disse o meu nome, eles disseram os deles.
Acho que um se chamava Cross. Ou Kross, talvez,? Não sei. O nome do outro eu
não ouvi. Um cara gritou perto da gente na hora. Nos cumprimentamos e fui
embora. Estava meio puto por conta da derrota pra ficar ali conversando. Saí.
Quando
estava perto do portões, ouvi um torcedor dizer, Caralhos, vamos para a quarta divisão, deste jeito! Ele estava
certo.
Peguei
o ônibus meia hora depois. Ao chegar em casa vi meu pai sentado no sofá. Que timinho de merda, hein, pai, eu
disse. E contei a ele o que tinha acontecido.
Conto de Lucas Beça
0 Comentários