Gastei
todo meu dinheiro numa mágica meio bosta. Entrei na loja e peguei a primeira
que eu vi na minha frente. Eles tinham várias. Cada uma resolvia um problema
específico. Escolhi errado. Me fodi. Já era. Não resolveu o meu problema. É que
eu queria resolver um meio vago e grande demais, sabe? Sai da loja e segui a
vida. Cada dia pior. Cada dia pior, porra. Tava então, sem dinheiro, sem
problema resolvido. Apareceu mais um. Ela me olhou e sorriu. Eu sorri de volta
e disse,
- oi...
Ela
veio na minha direção. Apontou uma arma pra mim. Não tinha ninguém na rua
naquela hora. Era quatro e meia da madruga. Eu falei,
- ei,
péraí.
Mas ela
disse,
- passa
a carteira.
Eu
peguei ela. Entreguei pra mulher.
- to
duro.
Ela
abriu a carteira.
- que
merda, hein... Nada? Nem umzinho?
Ela
disse isso e fez uma careta.
- pois
é, eu disse.
Ela
ficou me encarando. Eu a encarei de volta. Ela era gostosa. Usava all star.
Blusa de capuz. Batom vermelho. Óculos escuros. Putaquepariu!
- sabe
que não vai ficar barato, né? Você me fez perder tempo.
- pô,
que cê vai fazer?, eu disse.
Ela deu
um tiro na minha perna. Eu caí, coloquei as mãos na ferida. Saía sangue.
- ai,
ai, ai, ai!, eu gritei.
- da
próxima vez teja preparado!, ela disse e me mostrou a língua.
Eu vi a
bunda dela desfilando enquanto descia a rua.
Conto
de Lucas Beça
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