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Ontem
foi o dia que eu conheci os pais da Karen. Não vou te dizer que foi um completo
desastre, mas também não foi tão bom e tranquilo quanto ela me disse que seria.
O pai
era um daqueles que discutem política, religião ou futebol por qualquer coisa e
querem ganhar o argumento a todo custo. Não preciso dizer que ele não foi com a
minha cara.
A mãe,
ao ouvir de Karen sobre você, também não gostou. Não disse nada rude, mas deu
pra perceber só de olhar.
Será
que ela foi adotada?
Talvez
você diria algo assim, não é mesmo?
Mas
infelizmente não, ela é a cara do pai e da mãe, não tem como negar.
- 62
Depois
daquilo parece que a vontade de fumar voltou. Disse a Karen o que estava
acontecendo, porque como você sabe, eu acho que para se ter um relacionamento
saudável tem que haver comunicação e honestidade.
Ela
lamentou o modo que seus pais se comportaram e perguntou se eu precisava ir a
uma reunião.
Eu
disse que não, que ia ficar tudo bem.
Mas lá
no fundo, meus pulmões estavam clamando por alguma fumaça.
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Hoje,
pela primeira vez, eu entrei no seu quarto e não senti meu estômago revirar.
Talvez
tenha sido pela quantidade de vezes que eu te vi ali e tenha me acostumado de
verdade.
Uma
pontinha de mim não queria que isso acontecesse.
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Ontem,
também, pela primeira vez, eu cheguei mais perto de você e consegui sentir um
traço do seu perfume, lá longe.
Isso me
deixou um pouco feliz.
Parte 16 do conto de Lucas Beça
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