Na manhã em que os aliens vieram, – surpreendentemente, depois de vários anos acordando ao meio-dia – eu havia acordado cedo.
Era uma manhã de sexta-feira. Eu tinha uma festa de
aniversário para ir. Não queria ir, mas sabe como é, família, essas coisas que
nos acompanham durante nossas vidas e por mais que tentamos nos desvencilhar,
acabamos caindo em alguma das armadilhas e quando você vê, está numa festa em
que não conhece um quarto dos convidados e o garçom com as cervejas demora a
chegar na sua mesa. Acordei cedo, mas permaneci um pouco na cama. Era umas seis
da manhã. Os primeiros raios de sol, fraquinhos, entravam pela veneziana,
clareando o quarto; mas não como nas centenas de dias anteriores, quando
acordava suado com o quarto amarelado da luz do meio-dia. Peguei o celular e vi
a hora. Apesar de estar desperto, cobri minha cabeça e tentei dormir novamente,
mas a coberta deixou o ar abafado, então a joguei para fora da cama com raiva e
sai dali. Calcei os chinelos e andei em direção ao banheiro. Depois de mijar me
olhei no espelho. A barba por fazer. Meu rosto estava mais magro do que era. As
olheiras fundas me davam um aspecto de doente. Talvez eu devesse parar de beber
antes de dormir. Coloquei pasta na escova de dente e fiz o processo rotineiro
por menos de trinta segundos. Tenho certeza que nunca fiz o mínimo necessário
para manter meus dentes saudáveis. Entrei na cozinha e coloquei o resto do café
da noite anterior numa caneca meio limpa e a coloquei para esquentar no microondas.
Ao pegar o café, e tomar um gole, fui andando até a sala e liguei a televisão.
Foi então que vi as imagens de três naves gigantescas no meio do oceano
Atlântico que apareciam para o mundo todo através das mais diversas telas. Meu
primeiro pensamento foi de que era a reprise de um filme meia boca de
ficção-científica. Peguei o controle para verificar qual era o canal. Talvez eu
já tivesse visto esse filme. Mas era um jornal matinal. Estavam ali, paradas,
flutuando, no meio do oceano, três naves extraterrestres. As imagens vinham de
helicópteros que sobrevoavam o local. O âncora especulava e fazia perguntas ao
repórter enviado. Este não sabia muito bem o que responder e dava respostas um
tanto vagas. Os helicópteros, de várias emissoras, não ousaram chegar mais de
quinhentos metros perto das naves. Durante todo o primeiro dia que os aliens
chegaram ao nosso planeta não houve um único movimento por parte delas. Ficaram
ali, há poucos metros do chão, flutuando, paradas.
No segundo dia
começou a tomada da Terra.
Conto de Lucas Beça
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