Jorge
saiu de casa atordoado. Mal encostou o portão, deixando a casa aberta. Começou
a perambular em direção à praia. Esbarrou em uma mulher, caindo e esfolando a
calça na área dos joelhos. A moça tentou ajudar. Ele rapidamente se levantou e
continuou a andar. Com tudo que tinha em sua cabeça nem sequer ouviu o que ela
disse.
Estava
suando como um louco. Seu coração batia acelerado, como há alguns minutos
quando reviu o alien. As pernas bambas quase não o deixavam andar.
Mas
continuou, como se a praia fosse um eldorado, e faria tudo aquilo desaparecer.
Seu estado era tão lamentável que não viu um carro vir em sua direção quando
atravessou a rua de uma esquina para outra. Por pouco ele não foi pego.
O
motorista freou de última hora, buzinando e gritando após Jorge ter chegado ao
outro quarteirão. Mas ele também não conseguiu ouvir o que o cara gritava para
ele. Apenas continuou.
Ele
chegou à movimentada rua próxima a praia, mesmo para uma quarta-feira de manhã.
Parou. Encostou-se no poste de luz e tentou respirar fundo. Ainda suava.
Apertou os olhos. Sua visão meio turva melhorou um pouco. Sentiu um vento frio
que gelou sua espinha. Olhou para a rua. O semáforo fechado. Atravessou.
Na
areia foi tirando os sapatos enquanto andava em direção ao mar. Deixou os para
trás. Quando sentiu a água fria em seus pés seu corpo começou a relaxar. Continuou
a entrar mar adentro até as ondas o cobrirem até o seu peito.
Última parte do conto de Lucas Beça
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