Jorge
estava sentado na beira da cama. O alien ao seu lado balançava as perninhas
batendo no colchão fazendo um barulho estranho. Jorge quebrou o silêncio.
“Não...
Não, não, não. Isso não é possível. Não pode ser. Você é real? Mas você sumiu
quando eu comecei a tomar os remédios.”
“Bom,
eu não queria que você surtasse de novo. Se você começasse a dar pitis lá no hospital aí é que você não
ia sair mesmo.”
“Humm... Então eu sou... Um campeão? Como
um soldado?”
“Mais
ou menos. Você é um dos soldados que será a linha de frente contra essa raça
alienígena.”
“Ah...”,
disse Jorge fracamente.
Tudo
aquilo era muita coisa para aceitar. Na verdade ele passou os últimos meses
tentando fugir daquilo que ele pensava ser apenas uma alucinação. Mas não era.
Não era mesmo. E essa ideia era tão louca quanto a de que ele estava louco. Era
muita coisa.
Uma
raça alienígena querendo invadir o planeta, o recrutamento de soldados para o
combate pela Terra, e ainda ali no Brasil. Quer dizer... Ficção-científica
geralmente acontecia nos Estados Unidos nos filmes. De preferência em Nova
Iorque, não é mesmo?
Mas
aquilo não era um filme. Era sua vida. E se ele se recusasse?
“Por
que eu?”
“Porque
sim.”
Jorge
franziu o cenho. Aquilo não era resposta suficiente.
“Olha,
Jorge, você não é o único. Centenas de humanos foram selecionados para isso. Eu
não sei o motivo por que você foi escolhido. Não é o meu departamento. Mas você
foi, então tem alguma coisa que te faz mais apto a defender o seu planeta.”
O
homem então olhou para baixo. Colocou os cotovelos sobre os joelhos, pensativo.
“E
se eu me recusar?”
“Como
é que é?”
“Se
eu me recusar, não fizer nada?”
“Me
dá a sua mão.”
Ele
colocou a mão perto do alien. Ao ter sua pele encostada na dele, milhões de
coisas passaram por sua cabeça. Viu diversas imagens horríveis. Um futuro
horrível. Um futuro onde não seria possível viver. Jorge ficou catatônico.
Perdido por alguns minutos, sem saber o que fazer.
Quarta parte do conto de Lucas Beça
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