Por Ed Santos
HISTÓRIAS DO AMADEU - Nº 3
Eu já disse que o Amadeu é supersticioso? Não? Pois ele é. E muito! O Amadeu não saia de casa sem colocar sua moeda da sorte no bolso. Era daqueles que fazia da superstição uma religião. Nas peladas de terça-feira à noite, só entrava em campo com o pé direito. E fazia o sinal da cruz três vezes quando o juiz apitava o início da partida. Que coisa!
Quando o Amadeu saiu – escondido da Marilda – para se encontrar com a Flavinha e irem juntos comprar o computador, ele sofreu um acidente. Foi atropelado por uma moto. Foi tudo muito rápido, meio inexplicável.
No hospital, a Marilda pergunta como aquilo foi acontecer. E ele explica:
- Tava andando pela calçada e quando dobrei a esquina do bar do Arnaldo, tinha um cara pendurado numa escada. Sei lá que ele tava fazendo, pintando a fachada talvez. Num vi direito. Só vi que a escada era uma dessas bem grandes, e aberta ocupava toda a calçada. Eu como não sou bobo nem nada, claro que não ia passar debaixo da escada, desviei e tive que andar no meio fio. Meu, o semáforo tava fechado, e o único espaço que havia, era justamente onde eu estava. Por azar o mesmo lugar que os motoboys chamam de corredor. Aí já era!
- E ele te socorreu? Alguém te ajudou? Quem te trouxe pra cá?
- Vim de ambulância. O cara chamou. Deu a maior assistência. Gente boa ele. Se vê que é honesto, trabalhador.
- Amadeu, Amadeu!
- Fazer o que, aconteceu. Nem meu amuleto me salvou dessa.
- E agora, como você está? Dói muito?
- Não. Tô bem. Acho que daqui uns dias já tiro o gesso e começo a fisioterapia. Pelo menos foi isso que o médico disse.
É. O Amadeu passou por uma que não estava nos planos. Com todo aquele cuidado, não conseguiu sair ileso. Mas, tem nada não. Isso passa. Ele mesmo disse que logo vai começar a fisioterapia. E o médico confirmou. No acidente ele torceu o tornozelo e teve algumas escoriações. Coisa pouca.
- Vâmo embora? – perguntou a esposa.
- Tem que chamar um táxi.
- Não precisa, laguei pra Flavinha e ela ta lá embaixo estacionando o carro. Aliás, ela até falou que vocês iam se encontrar. Pra quê?
- Vâmo embora que depois eu explico. Cuidado aí com meu pé.
No outro dia, lá vai o Amadeu pra clínica carregado pela filha e pela esposa.
- E aí, tá longe?
- Não, é logo ali do lado daquele veterinário – respondeu Flavinha.
- Onde?
- Ali! Tá vendo aquela moça com um gato preto no colo?
- Filha! Gato Preto não, né!
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