Por Ed Santos
Uma das coisas mais importantes que minha mãe me ensinou foi ter paciência. Lembro que sempre que eu tinha um problema, lá vinha ela: "Calma filho! Deixa o tempo se encarregar disso", ou "Não há nada como um dia após o outro, fica tranquilo que tudo se resolve".
Sempre nas piores horas ela aparecia para confortar e dar mais esperança. Um dia, depois de ter tomado um fora de uma namoradinha, comentei com minha mãe que apesar do fim do namoro, estava bem. Só não queria ver a garota com um primo meu. Mas pro me azar, não é que pouco tempo depois vi os dois juntos? A reação foi terrível e voltei pra casa segurando as lágrimas. Quando entrei em casa, não me contive e desabei a chorar. Minha mãe sorriu e disse: "Tá apaixonado meu menino!", e sorriu mesmo tendo uma tímida lágrima nascendo no olho direito. Deu-me colo e acariciou meus cabelos. Não entendi tudo aquilo, mas acho que ela estava se colocando no meu lugar, sei lá. Deu pra perceber que apesar de estar ali disposta a me entender e dar carinho, estava ali por uma obrigação de mãe, que por qualquer motivo de desilusão dos filhos, os coloca no colo e os confortam.
Depois de alguns minutos onde apenas eu chorava e lamentava e ela apenas me escutava, ela insistiu: "Filho, espera o tempo passar e você vai ver que tudo isso é apenas uma tormenta. Não se entregue e tenha paciência que no final tudo fica bem". Sei que o que minha mãe estava falando era pro meu bem, mas como ter pacência num momento daquele?
Os dias pasaram e as coisas foram se encaixando, voltando o seu normal. Ver os dois, meu primo e minha ex-namorada juntos, já não me fazia tanto mal assim. Depois de todo o ocorrido, passei a aceitar melhor as coisas e me senti um tanto adulto no alto dos meus quinze anos, afinal, já havia saído ileso de uma desilusão, mas não que eu estivesse preparado para outra, apesar de ter esta sensação.
Durante toda minha vida, sempre quando me ocorre de passar por qualquer desilusão, me recordo da lição de paciência da minha mãe. Com ela aprendi que posso superar a ansiedade e que posso manter a calma e a serenidade nos piores momentos da vida, mesmo naqueles em que temos o tremendo desejo de descer das tamancas. Minha mestra foi muito importante na minha formação, sem duvida, e ficaria devendo se não me tivesse ensinado a ter paciência. Até em alguns momentos de reflexão, percebo o quanto as desilusões me foram e me são importantes. São representação da maturidade.
Hoje quando me recordo de alguma desilusão do passado, certamente dou um sorriso, porque sei que aquilo me preparou um pouquinho mais para uma próxima. Não que eu queira estar rodeado de desilusões, mas é que pra mim é uma prova de que estou vivendo intensamente, e isso foi outra coisa que aprendi com minha mãe. Mas aí é uma outra história.
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