Por Gustavo do Carmo
A primeira editora que publicou o meu livro fez uma revisão de texto meia-boca, mas bem que tentou distribuir e divulgá-lo. Até em versão digital. Depois de seis meses, o romance, pelo qual paguei para publicar e tive que me virar para distribuir e divulgar, não rendeu o esperado e foi retirado da vitrine. Agora está lá escondido no arquivo do site da editora, perdido em meio a infinitos e indecoráveis códigos de domínio. É mais fácil acessar a página do livro por aqui no blog, clicando na capa. Mas tudo bem. O romance não é muito bom, mesmo. Tem muita bobagem que eu botei no livro.
Procurei outra editora para bancar a publicação da minha coletânea de contos. Consegui. A revisão feita às pressas se repetiu. Só que não houve edição digital e muito menos divulgação. O convite para o lançamento só me foi entregue exatamente na véspera do evento. A data foi agendada logo no primeiro encontro que tive com eles, só que eu não podia divulgar porque estava com medo de acontecer algum atraso. Mesmo sem ainda receber o convite e o projeto gráfico do livro, mandei e-mails e telefonei para os meus amigos, convidando para o lançamento. Apenas uma semana antes. Em apenas um mês o livro também foi escondido no arquivo do site. Seria normal se o meu não fosse o único a sair da vitrine. O da minha amiga, lançado um mês antes, ainda ficou por mais algum tempo. Para quem eu divulgava pedia para acessar o site, ligar ou ir pessoalmente à editora. Ninguém me respondeu se navegou, ligou ou foi até a Lapa. Ou melhor, quase ninguém. Ao ligar para saber notícias do livro, o telefone e o celular do editor não atendia. Imagina o comprador. E o sobrado onde fica a editora estava em reformas.
Entre esses dois livros fiz duas oficinas literárias. A primeira usou como promessa de marketing a possibilidade de editar um livro com os textos dos alunos, produzidos dentro ou fora do curso. Cobrou 50 reais para isso logo na divulgação. A professora e organizadora do curso adoeceu gravemente. Nem sei se sobreviveu. O livro não saiu, a coordenadora da faculdade que abrigou a oficina não deu mais satisfação e a história foi esquecida. A segunda prometeu apenas um blog. O livro foi decidido no decorrer do curso. Felizmente os dois saíram.
A página da internet com os nossos textos saiu escondida no portal da entidade social, com os mesmos códigos indecoráveis dos meus livros oficiais e ainda deletaram um conto meu. Exatamente o que tinha a ver com o tema da oficina: falar de um bairro carioca da zona norte. O livro também saiu. Depois de nove meses e um breve mal-estar com o professor do curso. Mas foi apenas de lembrança para as colegas da oficina, que nunca publicaram um livro, com a promessa de comercializá-lo futuramente. E o futuro ainda está distante. O professor que organizou o curso empurrou para uma colega do centro cultural onde trabalhava. A mulher não deu mais notícias e o rapaz disse que estavam sem contato.
Uma jornalista de uma afiliada do interior do Rio da maior emissora de televisão do país me procurou para me entrevistar como um fã do canal, que inaugurava a sua nova sede. Viajei a essa cidade do interior especialmente para isso. Só porque encontrei, por acaso, a repórter na rua horas antes do combinado e dei um breve depoimento, ela já se deu por satisfeita e cancelou a visita, sem dar nenhuma satisfação. E ainda mandou dizer que não estava quando eu ligava para pedir explicações. Explicações que eu só obtive indiretamente por terceiros. E ainda assim acusado de ter tido ataque de estrelismo. Dois meses depois, um jornal local de televisão daqui do Rio se interessou em divulgar uma reclamação de falta de sinal de trânsito no meu bairro. Ligaram três vezes para remarcar para outro dia. Sempre acontecia um imprevisto. Mas as outras reclamações iam para o ar. Na quarta vez, desisti e pedi educadamente para esquecer. Sem mágoas.
Com as entrevistas eu não queria aparecer (embora seja bom ter alguns segundos de fama), e sim fazer amizade com os jornalistas e aumentar a minha rede de relacionamentos pessoais, importante para o mercado,
Agora um ex-amigo se recusou a fornecer informações oficiais sobre um filme que ele produziu e que eu me prontifiquei a divulgar nas próximas semanas. Alegou motivos contratuais. Mentira, não quis perder tempo com o meu blog, mesmo. Descaradamente me boicotou. Depois vem com discursos hipócritas de que encontrou dificuldades para finalizar o filme.
Os colegas de faculdade e pós-graduação me esqueceram. Uns só me procuram para me dar parabéns no meu aniversário. Nada mais do que isso. Quando eu os procuro ou me tratam friamente ou se acham cobrados e ofendidos. Depois quando eu reclamo, sou criticado com adjetivos de dramático, chantagista, perigoso, revoltado, estressado, precipitado, desequilibrado, imaturo e infantil. E me fazem mais retaliações.
É, com todos esses problemas que eu citei acima, mas tirando três boas exceções que ainda não estão me remunerando (porém, já estou me cansando de trabalhar de graça), por mais que eu batalhe e estude para conseguir o que eu quero chego à conclusão de que eu estou mesmo desprestigiado no mercado. Assim fica difícil ter o retorno rápido que um jornalista me garantiu há oito anos.
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