Por Ed Santos
Num dia, como sempre, acordei pensando nos filhos que tenho; na pequenina e no adolescente. Diz o ditado que “criamos os filhos para o mundo”, e sinto que entre meus dedos eles não tardarão em escorrer.
Quando eu era dependente dos meus pais (leia-se entre 0 e 16 anos), lembro que meu pai nunca conversou abertamente, assim, de pai pra filho. Isso era papel da mãe. Também não me lembro de vê-los, meu pai e minha mãe, discutindo, isso era raríssimo. Se o fizessem, com certeza não seria na minha frente.
Hoje, as coisas mudaram, e não é o experto aqui o primeiro a descobrir isso, claro. Os pais respeitam os filhos numa inversão de papéis incontrolável. Os filhos estão cada vez mais distantes dos seus pais, como se estivessem antecipando sua escapada para o mundo.
Então, pensei que meu erro enquanto pai, e pelo menos até o momento, foi o de ser participativo (eu acho que sou – às vezes), coisa que o meu pai não foi muito. Não seguir exemplo, nesse caso, talvez tenha sido o erro. Mas sigo tocando. Entretanto, me orgulho (coisa de pai) muito de nunca deixar de cumprir sequer uma promessa, ou melhor, de sempre cumprir com minha palavra.
Quando tenho a necessidade de me impor como pai, sempre, em qualquer circunstancia, cumpro o que digo. Se um de meus filhos me pede algo que não posso dar, digo logo, assim como quando prometo que vou dar um corretivo qualquer quando eles não seguem as regras, eu realmente faço valer minhas palavras.
No mesmo dia que pensei em tudo isso, caiu-me nas mãos uma frase do escritor Jules Renard, que aqui descrevo: “Raramente faço promessas, mas quando faço não as cumpro.”
É disso que se alimenta a consciência humana, da hipótese de que todas as opiniões são relativas. Ou não.
1 Comentários
Também sou pai e penso como você. Talvez por vivermos numa nova era, o facto de nossos pais nos esconderem algumas coisas que hoje são banais (ou não) nos fazem pensar e levar os nossos filhos a bom porto.
Abraços