HISTÓRIA - REMAKE DE SELVA DE PEDRA 25 ANOS



Texto: Gustavo do Carmo


Remakes de novelas já não eram novidade na televisão brasileira em 1986. Mas a Rede Globo inovou e regravou a primeira novela do seu já rico acervo. A escolhida foi Selva de Pedra, original de 1972. Escrita por Janete Clair, que faleceu em 1983, a trama de Cristiano e Simone foi adaptada por Regina Braga e Eloy Araújo. Hoje, 24 de fevereiro de 2011, a estreia do remake de Selva de Pedra está completando exatos 25 anos.

Substituindo Roque Santeiro, a trama contava a história do jovem Cristiano Vilhena (Tony Ramos), um tocador de bumbo para o pai Sebastião (Sebastião Vasconcelos), pastor evangélico na cidade de Duas Barras, interior do estado do Rio de Janeiro. Ele se envolveu em uma briga que provocou a morte do playboy arruaceiro Gastão Neves (Marcelo Ibrahim, que morreu meses depois da novela). Testemunha do crime, a artista plástica Simone Reis (Fernanda Torres) percebeu que Cristiano era inocente e encobertou o rapaz. Os dois se apaixonaram.

Ao mesmo tempo em que fugiu da cidade por causa do crime, Cristiano foi para a capital fluminense em busca de melhores oportunidades de vida na selva de pedra. Já tinha um emprego garantido no estaleiro do tio Aristides Vilhena (Walmor Chagas). Também interessada em promover a sua carreira nas artes, Simone o acompanhou. Os dois se casaram. O casal foi morar na pensão da alegre ex-vedete Fanny (Nicete Bruno), onde moravam o simpático palhaço Pipoca (André Valli) e o malandro mau-caráter Miro (Miguel Falabella).

No estaleiro, Caio (José Mayer) viu com maus olhos a chegada do seu primo. Ele temia que Cristiano ocupasse o seu lugar e lhe roubasse a noiva Fernanda (Christiane Torloni), outra grande acionista da empresa. Foi exatamente isso que aconteceu. Miro estimulou a ambição de Cristiano e o incentivou a romper com Simone para casar com Fernanda e obter as ações e a administração do estaleiro. Cristiano quase se casou com a noiva do primo.

No entanto, Simone, abandonada pelo marido, sobreviveu a um acidente na estrada Rio-Petrópolis. Na verdade, uma perseguição tramada por Miro para tirar Simone do caminho. Ela foi dada como morta, assumiu a identidade da irmã falecida Rosana Reis e fugiu para Nova York. Cristiano se sentiu culpado e abandonou Fernanda no altar, que jurou vingança e o denunciou à polícia pelo crime em Duas Barras.

Quando voltou ao Brasil. inicialmente, Simone repudiou o marido, culpando-o pelo acidente e ameaçou não inocentá-lo, já que a polícia já estava em seu encalço. Mas os dois fizeram as pazes e se reencontraram às escondidas no meio da novela. Às vésperas do julgamento do Cris, Simone foi sequestrada e mantida em cativeiro por Fernanda. Miro morreu, Fernanda foi internada no hospício, Simone foi libertada, deu o depoimento que ajudou a inocentar o amado pelo homicídio de Gastão, Cris devolveu o estaleiro para o primo Caio, com quem fez as pazes, e tudo terminou bem.

A segunda versão de Selva de Pedra também teve no elenco Stênio Garcia, como Mestre Pedro, funcionário do estaleiro e amigo de Cristiano, Tássia Camargo (a filha de Pedro, Joana), Maria Zilda, Otávio Augusto, Roberto Battaglin, Yara Lins, Iara Jamra, Suzana Faini, Beth Goulart, Deborah Evelyn, Aracy Cardoso, Henri Pagnocellis, Odilon Wagner, entre outros.

Na última cena da novela, Cristiano e Simone foram felizes para sempre, visitando, no estaleiro, o navio cargueiro que ganhou como indenização de Caio, ao som de Rock and Roll Lullaby, tema do casal vivido por Francisco Cuoco e Regina Duarte em 1972, que de forma instrumental, também foi tema da criativa abertura, em que prédios altos e espelhados brotam do chão, refletindo a imagem do elenco e finalizando com um mosaico aéreo de Tony Ramos. Demais, de Verônica Sabino, foi uma das músicas marcantes da trilha nacional da novela, ao lado de Perigo, de Zizi Possi, tema de Fernanda. Da trilha internacional, destaque para Yes (Tim Moore), I'll never be (Maria Magdalena) (Sandra) e Sweetest Taboo (Sade).

Wálter Avancini dirigiu a nova Selva de Pedra até o 20º capítulo. Depois, foi substituído por Denis Carvalho. Ambos tiveram a ajuda de Ricardo Waddington e José Carlos Pieri. A novela terminou no dia 22 de agosto de 1986, totalizando 160 capítulos. Foi substituída no início da semana seguinte por Roda de Fogo.

Janete Clair se inspirou no romance Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser. O livro já tinha originado o filme Um Lugar ao Sol, de George Stevens, com Elizabeth Taylor. A novela original de 1972 tinha, além de Cuoco e Regina, Carlos Vereza no papel de Miro, Dina Sfat no papel de Fernanda e Carlos Eduardo Dolabella como Caio.

Selva de Pedra foi um dos remakes mais fiéis ao original da televisão brasileira, embora tenha tido alguns novos personagens secundários e a eliminação da situação em que Cris e Simone adotaram um menino de rua chamado Miro. A cena em que Simone foi desmascarada na festa não registrou os 100% de audiência de 1972, mas o remake marcou demais o telespectadores adultos e crianças, como eu, na época.

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1 Comentários

Anônimo disse…
Creio que o que é clássico não se deve mexer. É como algo algrado.Selva de Pedra de 1972 marcou uma época em que as pessoas, aparentemente eram felizes,respeitavam umas as outras e o romantismo existia, ou seja, um conforto para um povo que vivia oprimido e alheio as atrocidades que o regime militar cometia.A TV naquele momento, de um modo ou de outro, tinha o papel de esconder tais atrocidade do regime político político vigente no Brasil. Independente disso, ficou na memória do povo as excelentes interpretações de Regina Duarte e Francisco Cuoco e o remake de tal obra fica parecendo uma cópia barata de um original, embora, preto e branco, de grande qualidade.