Microcontos de Gustavo do Carmo
Fogos
Soltaram fogos de artifício o dia inteiro, assustando toda a cidade. Na hora da virada do ano, quando precisavam encantar e emocionar toda a cidade, já não havia mais nada.
Juramento
Jurou não voltar a sua cidade-natal nem morta. Cumpriu o juramento. Foi enterrada na cidade para onde foi transferida pelo trabalho.
Moisés
Moisés era um divisor de águas: o responsável no Guandu por dividir as águas que vão para as respectivas regiões da cidade.
Incendiário
Incendiou carros, ônibus, vans, motos, pessoas, prédios... a cidade inteira. Não era traficante. Era um louco que se achava a reencarnação de Nero.
Diabo
Chegou muito cansado a uma cidadezinha do interior recomendada pela mulher. Precisou ser carregado por um solidário morador chamado Diabo.
Diabo 2
A cidade inteira comia o pão que o Diabo amassou. Era o melhor padeiro da região.
Luz
O último que saiu não apagou a luz. Era um campeão de desperdício: o prefeito da cidade.
Filho
Beijou, emocionado e esperançoso, o filho que partia para a cidade grande. Recebeu, triste e envergonhado, o mesmo rebento fracassado na cidade grande.
Palma da mão
Dizia conhecer a cidade como a palma da sua mão. Não tinha os dois braços.
Longe demais
Foi longe demais. Perdeu a entrada da cidade para onde viajava com a família e passou muito longe.




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