O AVISO


Conto de Gustavo do Carmo


Aos vinte anos, Maria da Luz se recusava a aceitar o seu destino: casar-se com um amigo do seu pai, quarenta anos mais velho. Seu Domingos deu-lhe um ultimato: Ou se casava ou seria deserdada.

Maria da Luz escolheu a segunda opção. Perambulou pelas ruelas de Lisboa. Encontrou uma cantina. Bebeu cinco taças de vinho com a última mesada que tinha. Já estava ébria quando conquistou a confiança do garçom. Quando se preparava para desabafar suas lamúrias ao novo amigo foi interrompida por uma seqüência de chiados. Um senhor de fartos bigodes grisalhos e cara carrancuda a encarava com o dedo apontado para o aviso na parede: “Silêncio, canta-se o fado”.

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