Ele
tinha marcado de se encontrar com a mulher na porta do prédio do seu
apartamento. Não sabia como ela era. Tinha perguntado a um amigo se ele não
conhecia alguém que estava precisando de uma televisão. Ele estava vendendo a
sua.
O amigo
então lembrou-se de uma amiga que estava abrindo uma loja e precisava de uma.
Ele
tomou o seu café. Olhou pela janela. Havia pouco movimento na rua. Era umas
seis e meia.
Não
costumava acordar cedo. Mas esse era o único horário que ela poderia ir ver a
tal televisão.
Estava
com sono. Havia dormido pouco. Acordou no meio da noite com uma ambulância
passando a toda na rua e não conseguiu mais pegar no sono.
Tomou
mais uma caneca de café. Talvez fizesse efeito, pensou. Pegou um pedaço de pão
de forma quase duro, seco e passou margarina. Queria um café dos deuses. Com
bis, cereal de chocolate, presunto e queijo e tudo mais, mas não podia se dar
ao luxo. Era por isso que estava
vendendo a televisão. Precisava de dinheiro. Pagar umas dívidas, sair da forca.
E além
do mais, não assistia TV mesmo.
Levantou-se
da mesa, que ficava na sala, ao lado da janela e foi até o aparelho. Ligou-o.
Para ver se ainda estava funcionando. Estava. Apareceu uma rodovia. A voz de
uma repórter dizia algo sobre os números de mortes no período, que tinham
aumentado.
Desligou.
Pronto. Não ficaria com cara de bobo caso a TV não funcionasse.
Voltou
à janela. Debruçou-se. Viu uma mulher na sarjeta. Um homem passou por ela. Ela
pediu dinheiro. Ele fingiu que não era com ele. Parecia bêbada ou drogada. No
mínimo bêbada.
Atravessando
a rua, a uma outra mulher chamou sua atenção. Tinha um belo par de peitos, e
uma bela bunda também. Estava um pouco acima do peso, mas não era ruim.
Ela
desapareceu debaixo do toldo do portão do prédio.
O
interfone tocou.
Era
ela.
Primeiro
capítulo do conto de Lucas Beça
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