Ela
apertou o interfone.
- Oi,
é... Sou amiga do Rafael, ele falou que você tá vendendo uma TV...
- Sim,
sim. Pode subir.
Ele
ficou um pouquinho nervoso. Aquela mulher estaria em seu apartamento em alguns
segundos. E ele ali, com uma camisa velha, e moletom.
Deu
alguns socos no saco de pancada. Foda-se, pensou.
Ele
abriu a porta. Ela o cumprimentou. Viu que tinha um piercing no nariz.
- Você
é o Augusto, né?
- Isso,
isso. Disse, apertando a mão quente dela. Pode entrar.
- Brigada.
Ela deu
um risinho.
- Que
legal, você luta.
Ele não
entendeu se foi uma pergunta.
- Naah,
só brinco de vez em quando.
Ela
encostou a mão na lona. Deu um soquinho.
Ele viu
a bunda de perto. Era linda. Ela usava uma calça preta justa.
- Eu
também lutava. Mas sério.
- Ah...
Era só
o que conseguia pensar.
Ele
estava hipnotizado.
Ela se
virou. Ele desviou o olhar. Ela sorriu. Em um dos caninos estava outro
piercing.
- Ah,
é... Você quer alguma coisa, café, água...?
- Um cafezinho,
pode ser.
- Ok.
Augusto
deu alguns passos e já estava na cozinha. Pegou uma caneca do armário.
- Você
é a...
- Oi?
- Seu
nome?
- Ah, é
Helen. Desculpa.
- Sem
problema. Helen é um nome bonito.
- Sério?
Essa é a sua jogada?
Ele
ficou sem graça. Esqueceu onde ficava a cafeteira por alguns segundos.
- Não,
eu só...
- Relaxa.
Ela
sorriu e andou até a TV.
Ele
colocou café na caneca.
- Açúcar?
- A-hã.
Uma colher só.
Ele
ouviu a TV ligando.
Levou a
caneca até ela.
- Aqui.
- Brigada.
Ela
tomou um gole.
- Então
essa é a tal?
- Essa
mesmo.
Ficaram
olhando.
Era uma
TV de tubo, de 29 polegadas.
- Quanto
você tá pedindo?
- Quatrocentos.
-
Mesmo? Tudo isso?
Ele
olhou para ela.
- Quanto
você acha que vale?
Ele
sentou-se no sofá. Ela cruzou os braços, analisando a TV.
Helen
fez biquinho antes de falar.
- Ah,
sei lá, uns duzentos.
Ela tomou
mais um gole de café. Olhou para ele, que disse:
- Só
duzentos?
- Ah, é
uma velharia. Deve ter uns vinte anos.
- É,
mais ou menos.
Ela se
sentou no sofá. Olhou para Augusto.
- E
então, qual é a sua contraproposta?
Terceiro
capítulo do conto de Lucas Beça
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