O que temos pra novembro além de dois feriados e um dia da consciência negra? Pois bem, estive pesquisando em jornais angolanos algum livro que eu pudesse ter acesso para começar a lê-lo, encontrei este, descrito poético, é um livro do angolano Adolfo Maria, que decidiu juntar todos os poemas que escreveu durante sua prisão, entre 1975 e 1978. Quando disse "sua prisão", me referia a uma auto-prisão, já que Adolfo Maria, retrata em seus poemas, uma perseguição sofrida naquele tempo de luta pela democracia em Angola,
Adolfo Maria é conhecido por ter participado da luta pela libertação do povo angolano. Em 1959 foi preso pela então PIDE, polícia portuguesa; e cinco meses após a independência de Angola, foi perseguido pela polícia política do Novo Estado Angolano, a DISA. Esta que era chefiada pelos seus antigos companheiros de luta, aos quais o expulsaram do país em 1979.
Em entrevista pré-lançamento do livro a um jornal de Angola, Adolfo Maria disse : “Nestes escritos estão expressos os meus desabafos e sentimentos, assim como estão explicitados os meus questionamentos, as ideias sobre o que se passava no país e o meu pensar sobre o mundo, a sociedade humana e o seu devir […] O título: Angola no tempo da ditadura democrática revolucionária (poética do auto-cárcere)exprime, creio, a situação naquela época (a do coletivo nacional e a minha própria)”.
Abaixo deixo-vos detalhes do livro, ao qual irei ler...
Sinopse:
Os escritos que integram o presente livro pontuaram o meu dia-a-dia numa longa situação de esmagadora solidão em auto-cárcere. Editados por ordem cronológica, ora curtos ora longos, mostram as minhas reações nos mais variados momentos da afincada luta pela sobrevivência. Num mesmo dia, refletindo os sucessivos estados de alma, produzia poemas de revolta pela situação em que estava, poemas de amor e de evasão delirante, ou de reflexão e doutrina. Nestes escritos estão expressos os meus desabafos e sentimentos, assim como estão explicitados os meus questionamentos, as ideias sobre o que se passava no país e o meu pensar sobre o mundo, a sociedade humana e o seu devir. (...) O título: “Angola, no tempo da ditadura democrática revolucionária (poética do auto-cárcere)” exprime, creio, a situação naquela época (a do colectivo nacional e a minha própria). [extracto de “Explicando este livro”]Índice:
EXPLICANDO ESTE LIVROPOEMAS
1 Auto-cárcere
2 Só assim
3 Condensação
4 Festa da família
5 Venham mulheres todas
6 Pensando em vocês
7 Poucos e muitos
8 História do poeta-abelha e da escura flor
9 Roupa de todos
10 Presenças
11 Gemidos do longe
12 Trajectória
13 Amargura
14 Grito na solidão
15 Tu
16 Ano novo
17 Proposta
18 Marcha do proletário
19 Itinerário
20 Comemorações
21 Boa noite gaivotas
22 Saudação fraternal
23 Grata recordação 24 Roteiro da intelectualidade
25 Ideia presa
26 O novo apostolado
27 Oftalmologia na solidão
28 Dedicatória
29 O meu direito
30 Meu cosmo
31 Poema dos meus filhos
32 Funestos efeitos
33 Tema
34 Libelo
35 Lição de psicologia
36 Vestal minha
37 Transmutação
38 Invulgar história banal
39 De pé
40 Chuva do foragido
41 Os abutres
42 Conjugação em tempos de demência
43 Se és (à maneira de kipling, talvez)
44 Espiral
45 Rafeiros, sou homem
46 As falas do meu pensamento
47 Sismógrafo
48 Minha Luanda triste
49 Egoísmos do ego
50 Tema em variações
51 Escultura
52 Liberdades minhas
53 Caminho em paradoxos
54 Coisas simples
55 A tão falada
56 Era kwela
57 Pesadelo em jaula
58 Purgante
59 Ad libitum
60 Mergulhar em ti
61 Quem já agarrou o mundo?
62 Nova suffragette
63 Catástrofe das catástrofes
64 Um em dois
65 Oiçam então (interpelações a fingir que são versos)
66 Panfleto para reflexão
67 O tal homem novo
68 Solilóquio
69 Advertência
70 Amor em passeio
71 Tristeza de foto antiga
72 Jardim
73 Em dedos condensados
74 Pausa de poesia
75 Encontro marcado
76 Explicação devida
77 O meu narcisismo
78 O nosso redondo mundo
79 Rebita dos alienados
80 Em um só dia
81 Preceitos
82 Hoje Domingo não há praia
83 Em refluxo
84 A ficar em recordação
85 Urgência
86 Toma pobreza
87 Registo de impossível conversa sobre concretas coisas
e novas possibilidades
88 Cada um com o seu platonismo 89 Canção para roda (de miúdos ou mais velhos)
90 Luar lá fora
91 Quem canta
92 Aqueles… cidadão!
93 Nosso caminhar
94 Subversão – I
Subversão – II
95 História e presente
96 Galileu, velho teso
97 Só um pedido
98 O inebriante jogo
99 Olhos em caminho calcorreado
100 Recebi a tua rosa
101 Proscrito
102 Os títeres
103 Cava-se vida no rosto
104 Três natais
105 Um comovido obrigado
106 Tu meu delirar
107 Vénus em bicha de autocarro
108 Ai a grande festa
109 Amor escondido
110 Bilhete
111 Retorcido tronco
112 No meio de vocês a protegerem-me
113 Procurando ternura
114 Está aí o cinzento
115 No tempo da flor contra o comboio
116 A pensar no pensamento
117 Festa na nesga de sol
118 Chora para construir riso
119 Preciso de um jardim
120 E a verdade foi dita
121 Não mero objecto
122 Só pergunto
123 Sala cheia de 3 flores
124 Em respeito e ternura
125 É Abril
126 Génesis em Abril
127 Poema para gente
128 Peregrinação em chuva de Abril
129 Hum! Ela…
130 Para lá…
131 Kuaah kuaah tchrrriuu trriu
132 Agora nesta hora um ano
133 Correr o risco
134 Neste mês-prenhez
135 Cheiro de peixe na rosa
136 Em... que
137 Ser, sentir, saber
138 Conta a estória
139 Pergunto só
140 Era uma vez ou uma estória da história
141 É mulata
142 Loucamente lúcido
143 Quadra de namorar
144 Neste ciclo
145 Paisagem
146 Presto declarações
147 No instante
148 Esses olhos
149 Reportagem
150 Carrossel
151 Violador orgasmo
152 Sem florir
153 Hossana
154 Sem roupa
155 Soturno
156 Lótus
157 Ri
158 Viandante perplexo
159 Solidão do liberto
160 Subiram palavras
161 Para os teus anos
162 Apenas aviso
163 Minha religiosa guerra
164 Viscoso tempo
165 Tempo de coisas simples
166 Um aniversário
167 Sem lamentação
168 Corpo encalhado
169 Flores precisam-se
170 Uma explicação
171 A pérola
172 Petrificação
173 Assepsia nos jardins-sangue
174 Um sol quotidiano
175 Muro
176 Mar no pulmão
177 Fazedores de história
178 A Cristo
179 Afinal
Em Apêndice – Às Irmãs Marias das Cartas
O Autor
O AUTOR:
A atividade cívica de Adolfo Maria – que começou pela abnegada participação no combate cultural, político e armado pela independência do seu país, Angola, e pela democracia – continuou, no exílio em Portugal, através da colaboração em órgãos da comunicação social portugueses e através das diligências para o fim da guerra civil, integrado num Grupo de Reflexão. Posteriormente empenhou-se no resgate da memória e tem fornecido testemunhos e análises destinadas a teses de universitários e participado em colóquios sobre África e Angola, assim como na escrita de livros.
São exemplo os seus depoimentos e análises no livro Angola no percurso de um nacionalista – conversas com Adolfo Maria; na série documental A Guerra da RTP; na recolha da Associação Tchyweka sobre a luta de libertação, Nos trilhos da independência; em Debate Africano da RDP e RTP África onde faz parte do painel de comentadores do programa; ou a sua colaboração no jornal
cultural luandense "O Chá", as entrevistas ao Novo Jornal, de Luanda e ao site Rede Angola.
Além do presente livro, Adolfo Maria é autor das seguintes obras publicadas por esta editora: "Angola - sonho e pesadelo"; "Na terra dos TTR, romance"; "Angola – Contributos à reflexão"; "Naquele dia, naquele Cazenga, romance".
Detalhes:
Ano: 2016Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 280
Formato: 16x23
ISBN: 978-989-689-596-9
TEXTO E RESUMO : WEVERTON GALEASE
COLABORAÇÃO : EDIÇÕES COLIBRI / PORTUGAL
0 Comentários