Microcontos de Gustavo do Carmo
Parado
Ficou parado no tempo, que não parou para esperá-lo. Seguiu seu caminho e o deixou para trás.
Blefe
Estava sendo muito pressionado pelo pai a trabalhar no bazar da família. Anunciou que um conto que escreveu seria filmado por um cineasta francês. Era um blefe para ganhar tempo.
O Tempo não para
— O tempo não para, dizia o poeta. Mas o meu parou. O relógio enguiçou mais uma vez.
Relógio
Seu tempo parou. Acabara de perder o relógio de 500 mil dólares do patrão.
Discurso
Deu o que falar. Quase não terminou o discurso a tempo de entregar para o marido deputado.
À frente
Era um homem à frente do seu tempo. Era sempre o primeiro a chegar no trabalho. Mesmo assim, ficava sempre pra trás.
Assassino
Matou o tempo. Agora ficou sem nada pra fazer.
Atropelado
Corria contra o tempo. Até que foi atropelado por ele.
Senhor
Era um senhor tão bonito. Mas era surdo. Tinha que chamar várias vezes para ele responder: TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO.
Teste
Foi do céu ao inferno em 3,7 segundos. Tempo que levou para acelerar o superesportivo, perder o controle, se espatifar no muro e explodir
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