Passava
pela porta da igreja quando uma mendiga, suja e de cabelos desgrenhados, gritou
com voz sôfrega:
—
Moço, dá uma ajuda aí?
Adalberto,
um forte garotão, mal-humorado e esnobe, esbraveja:
—
Vai trabalhar, vagabunda!!!
—
“Vai tu, meu sinhô. Ao invés de ir pá
praia”.
—
Mas eu estou de férias!
—
“Mintira! Há anos qui eu vejo tu passando
por aqui com essa sunga e essa prancha”.
Adalberto
engoliu em seco. Pensou
em mandar a mendiga para aquele lugar. Mas ficou quieto. Seguiu seu caminho e
entrou na rua transversal, a que dava na praia. Nunca mais foi visto pela
pedinte. Com roupa de praia.
Ela
só tornou a encontrá-lo, semanas depois. Adalberto vestia terno e gravata, estava
de cabelo penteado e carregava uma pasta executiva com uma mão e com a outra segurava
um moderno celular junto ao ouvido.
Passou
pela mendiga, jogou um maço de notas no prato que ela usava para pedir esmola e
seguiu o seu caminho. Entrou na rua transversal. Oposta à da praia.
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