Crônica de Gustavo do Carmo
O Skoob é uma interessante
rede social em que os seus usuários compartilham e avaliam livros em vez de fazer
comentários sobre programas ruins de TV e fotos de viagens, comidas, baladas,
bichos, filhos, ideologias políticas, etc.
Achei interessante e me
cadastrei assim que eu li uma matéria no suplemento literário do extinto Jornal
do Brasil. Falei até bem dele no meu blog Tudo Cultural. Foi trabalhoso incluir
os livros que eu li, mas incluí. Tentei uma entrevista com o criador da rede,
um programador de Realengo, mas quando pude mandar as perguntas, não fui
respondido. Esta foi a primeira decepção.
Uma das características do
Skoob é reunir pessoalmente seus usuários para tentar criar amizades fora do
mundo virtual da internet. Depois de várias “Reuniões dos Skoobers”, como são
chamadas, no Rio e em São Paulo, fui à minha primeira, em um restaurante no
Botafogo Praia Shopping.
Me diverti bastante. Ri
muito, fizemos jogos, reencontrei uma ex-colega de oficina literária, encontrei
uma amiga da minha irmã e ainda ganhei dois livros que a organizadora dos
encontros recebia das editoras que patrocinavam a rede social. Não gostei e os dei
para a minha irmã. O único aborrecimento foi um cara me enchendo o saco
tentando me convencer a fazer um concurso público.
Meses depois fui a um
segundo encontro, desta vez no Shopping Nova América, mais perto de onde eu
moro (no subúrbio). O encontro também foi agradável, mas deste já não me lembro
dos bons momentos.
Só tenho lembranças, mesmo,
é do terceiro encontro. E lembranças desagradáveis. Eu tinha chamado os meus
então adoráveis colegas de pós-graduação. Não apareceu ninguém. Ainda bem,
senão eu ia passar um baita de um vexame.
Cheguei cedo ao mesmo
restaurante da reunião anterior. A organizadora, que parecia ser simpática
comigo em contatos pela internet, já estava lá, almoçando com os amigos dela.
Fui falar com ela e aí que tive a minha segunda decepção com o Skoob.
Ela disse secamente que
estava almoçando e daria início a reunião depois. Sequer me convidou para
sentar à mesa e muito menos não me apresentou a ninguém. Me senti um intruso da
privacidade alheia. Um inconveniente. Fiquei sentado sozinho em outra mesa
distante. Pedi meu lanche, acho que uma pizza, não me lembro.
Mais de uma hora depois, a
“reunião” de fato começou. Só que na mesa da panelinha da organizadora não
havia espaço para mim. Voltei para a mesa onde eu estava e tuitei que eu me
programei para ir à Reunião dos Skoobers, mas participei da “Dispersão dos
Skoobers”, dando graças a Deus por ninguém da minha faculdade ter aparecido.
Chateado, ainda tive a
educação de me despedir da organizadora, de quem já não lembro mais o nome e
nem faço questão de tentar lembrar. Sem graça, ela ainda queria me dar o livro
A Rede Social, a biografia do criador do Facebook. Menti dizendo que já tinha.
Eu não queria mais livro nenhum. Só queria ir embora.
Me deu vontade de deletar
o meu perfil no Skoob naquele dia mesmo, mas continuei porque gosto da
ferramenta que eles têm de soltar automaticamente no Twitter que eu estou
lendo, vou ler ou já li determinado livro. E também gosto de organizar a minha
fila de livros para ler.
Esta história aconteceu há
três anos. Estou desabafando somente agora porque lembrei deles ao perceber que
não ganho nenhum dos livros (da minha escolha) que eles sorteiam. Acho que só os amigos dos donos que devem ganhar.
Reunião dos Skoobers? Não vou nunca mais.
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