Microcontos de Gustavo do Carmo
Pais
— Eu não trabalhei para sustentar vagabundo! Disse o pai.
— Dê graças a Deus que eu não virei drogado como o seu neto! Respondeu o filho desempregado de 40 anos.
Aquarela
Numa folha qualquer desenhou um sol amarelo. Ficou de castigo por fazer uma aquarela nos documentos oficiais do seu pai procurador de justiça.
Preocupação paterna
O pai tinha medo de morrer e deixar o filho caçula de 40 anos sem futuro e o pressionava. O filho teve um AVC e morreu.
Dinheiro
— Você acha que dinheiro dá em árvore?
— O seu dá. O senhor é madeireiro, meu pai.
Amor Paterno
Queria muito ter um filho. Contentou-se em dar seu amor paterno para o enteado, mesmo odiando crianças dos outros.
Desejos
O pai não queria morrer sem antes deixar o filho independente na vida. Acabou não realizando o seu desejo. No ano seguinte o filho realizou todos os seus sonhos: arrumar um bom emprego e casar e dar os netos que sua mãe também não viu.
Mundo
O pai vivia brigando com o filho jovem e rebelde porque ele queria mudar o mundo. E mudou mesmo.
Infiel
Sofrendo com a infidelidade conjugal do pai, jurou para a mãe e para si próprio que jamais iria trair sua esposa. Mudou de ideia quando casou-se com uma mulher feia e gorda.
Primeira viagem
Quando criança preferia as mulheres mais velhas. Foi pai pela primeira vez aos 70 anos, engravidando uma moça de 21.
Clemência
O advogado conseguiu a clemência para que seu pai não fosse executado. Teve que correr para tirar o pai da forca.
Enterro
Dois amigos conversam: — É triste quando um pai enterra o seu próprio filho. — Mas é um absurdo quando o pai enterra o próprio filho vivo.
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