TUDO NA CABECEIRA - SE EU FECHAR OS OLHOS AGORA




Introdução: Gustavo do Carmo

Sinopse: Divulgação



Ex-correspondente da Rede Globo em Nova York, hoje repórter especial da emissora no Rio, e também apresentador do Espaço Aberto Literatura, do canal pago Globo News, o jornalista Edney Silvestre enveredou-se no ramo da literatura e lançou, em 2009, o romance Se eu fechar os olhos agora, vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance, o que motivou a sua editora, a Record, a boicotar a premiação por ter perdido a categoria geral para o último livro de Chico Buarque, Leite Derramado.



Polêmicas à parte, o romance teve inspiração em uma frase pensada por acaso pelo autor, que há trinta anos desejava escrever um livro policial. O texto começa exatamente com "se eu fechar os olhos agora". Na história, ambientada nos anos 60, dois meninos de 12 anos - Paulo e Eduardo - encontram um corpo de uma linda mulher, morta e mutilada, à beira de um lago de uma cidade da antiga zona cafeeira fluminense. Assustados, eles comunicam o fato à polícia e acabam sendo tratados como suspeitos. Só são soltos quando o frágil marido da vítima confessa o crime.



Os garotos decidem, por conta própria, investigar o caso e contam com a ajuda de um senhor, Ubiratan, que mora no asilo da cidade, um ex-preso político da ditadura Vargas, que esconde a motivação para seu interesse no assunto. Dele, os meninos ouvem um aviso que marca o começo de um turbilhão de acontecimentos surpreendentes: “Nada neste país é o que parece.”

Em pouco tempo, eles percebem que a mulher tem uma estranha ligação com os homens mais importantes da cidade e que seu passado é nebuloso, repleto de mentiras. A investigação irá desvendar ainda um perverso painel em que violência sexual, racismo, corrupção e espúrias alianças políticas — que tentam a qualquer custo manter o poder — se misturam, numa época em que o Brasil caminha para a industrialização. Para os meninos, será um terrível caminho de amadurecimento e chegada à vida adulta, ainda no início da adolescência.



Edney Silvestre, que já havia lançado três livros de crônicas e participado de algumas coletâneas, construiu uma trama eletrizante e comovente, repleta de referências a um dos momentos mais importantes do cenário político e cultural do Brasil e do mundo. Com uma linguagem culta e refinada, o autor expõe com crueza a maldade humana, e é capaz de mergulhos psicológicos de imensa sensibilidade, sem deixar de contextualizar seus personagens social e historicamente. Transitando por gêneros tão distintos quanto o policial, o histórico e o romance de formação, Se eu fechar os olhos agora, que levou seis anos para ficar pronto, é uma leitura vertiginosa, que retrata a essência da nossa sociedade.


O livro foi um best-seller e frequentou a lista dos mais vendidos por algumas semanas pouco depois do lançamento.



Um trecho:



"Se eu fechar os olhos agora, ainda posso sentir o sangue dela grudado nos meus dedos.E era assim: grudava nos meus dedos como tinha grudado nos cabelos louros dela, na testa alta, nas sobrancelhas arqueadas e nos cílios negros, nas pálpebras, na face, no pescoço, nos braços, na blusa rasgada e nos botões que não tinham sido arrancados, no sutiã cortado ao meio, no seio direito, na ponta do bico do seio direito.



Eu nunca tinha sentido aquele cheiro pungente antes, aquele cheiro que ficaria para sempre misturado ao cheiro das outras mulheres, das que conheci na intimidade, que invadiria o cheiro de outras mulheres e que para sempre me levaria de volta a ela. Aquela mistura de perfume doce, carne cortada, suor, sangue e - o mais próximo que consegui perceber, até hoje - sal. Como se sente quando próximo ao mar. Como quando adere à pele. Não os grãos do sal - mas a poeira invisível e olorosa do sal em dias úmidos."



SOBRE O LIVRO:



Se eu fechar os olhos agora

Autor: Edney Silvestre

Editora: Record

2009

Formato (a x l): 14 x 21 cm

304 páginas

Preço sugerido: R$ 34,90



Próxima semana: Furacão Elis, de Regina Echeverria


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