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Hoje eu
encontrei uma carta que você me enviou quando eu viajei para o Rio de Janeiro
nas férias de fim de ano. Foi a minha primeira grande viagem desde que eu me
conhecia por gente.
Foi uma
trabalheira danada. Tive que arrumar o endereço do hotel, fiquei todo ansioso,
esperando pela carta...
Acho
que a gente tinha 9 anos, não é mesmo?
O papel
já está todo amarelado. Não dá pra ler quase nada, você escreveu à lápis.
A única
coisa que dá pra ler é o remetente e o destinatário, com o meu e o seu nome.
Foi a
primeira vez que eu recebi uma carta.
Foi
mágico.
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Estou
escrevendo essa carta enquanto escuto o CD do Dave Matthews Band que você me
deu de aniversário ano passado.
O
próximo está chegando e pela primeira vez em muito tempo você não vai estar
presente.
A Karen
foi à padaria buscar meia dúzia de pãezinhos pra gente tomar café agora há
pouco.
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O
Robinson se meteu em uma confusão em uma balada e acabou sendo espancado.
Vi a
notícia no jornal da cidade.
Uma
pena, ver como o nosso amigo se desviou tanto e está assim, nesse caco.
Talvez
eu ligue pra ele.
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Ontem foi
o seu aniversário.
Nós
cantamos parabéns e comemos um bolinho, eu, a sua mãe e a Karen.
Eu
comprei um daqueles balões com gás hélio e amarrei na beirada da sua cama.
Eu sei
que é bobo, mas eu me lembrei de quando a gente tinha uns 7 anos e você juntou
várias moedinhas que a sua mãe te dava pra comprar doce. Você passou mais de um
mês juntando e quando finalmente tinha o dinheiro, comprou o tal balão que
flutuava tão almejado.
Mas aí
um cara veio correndo atrás de você, em direção ao ponto para pegar o ônibus
que estava vindo, esbarrou na sua mão e o balão voou.
Pronto,
eu te dei um de aniversário novinho.
Parte 18 do conto de Lucas Beça
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