- 49
Finalmente
eu disse a Karen que podemos ir te visitar.
Ela
está bastante ansiosa.
Mas eu
estou muito preocupado sobre qual vai ser a minha reação.
- 50
Karen
gostou muito de você. Até falou com você.
Para
minha surpresa, não tive nenhuma reação dramática ao te ver naquele estado.
Mas
tomei uma decisão.
Vou
parar de escrever essas cartas.
Elas
não são reais. Isso não é real.
A
realidade é que você está naquela cama e talvez nunca mais volte. As chances
são mínimas.
Eu
preciso me acostumar com isso.
Não tem
outra maneira.
Vou
passar a te visitar mais vezes. Eu e a Karen.
É isso.
Até
semana que vem.
- 51
Eu sei
que eu disse que eu precisava me distanciar dessas cartas, que eu precisava
encarar a realidade, encarar o fato de que talvez você nunca acorde novamente,
e eu estou encarando, agora eu tenho completa noção de que as chances são
mínimas, porém eu estava errado quanto ao fato de que essas cartas não estavam
ajudando, ou que estavam impedindo que eu visse a realidade.
Eu
preciso conversar com você, mesmo que seja uma conversa de uma mão só.
Isso me
ajuda a manter sua presença viva, perto de mim, ainda que eu tenha dificuldades
de entrar naquele quarto.
Vou
continuar, ou melhor, vou voltar a escrever essas pequenas linhas para me
manter são.
Espero
que não se importe.
- 52
A minha
luta contra o fumo continua firme e forte. Estaria orgulhosa de mim, aposto. A
Karen também me ajuda e me apóia.
Acho
que estou começando a amar aquela pessoinha.
Parte 13 do conto de Lucas Beça
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