Depois que estavam indo embora



Tomei duas cervejas. Uma de 350 ml e outra daquelas latinhas econômicas. Comi uns pedaços de carne e linguiça frias, um raio-x do bolo (que estava muito bom por sinal) e o último pedaço do pudim (não foi o melhor que já comi, mas até que estava ok).


Cheguei à festa às 2:40 da tarde. As pessoas tinham começado a ir embora 10 minutos antes. Essa festa era na verdade o after da noite anterior. A maioria bêbada demais para dirigir. Mas eu é que não iria impedi-los de fazer isso.

Quase todos com mais de 40. (Bem mais de 40). E, tirando as duas crianças e um moleque de 17 anos que eu não via desde que era um toquinho, a única pessoa que me chamou a atenção foi uma ruivinha de uns 20 e poucos.

Um grupo de mulheres passou por mim enquanto eu segurava a 1ª latinha de cerveja, a econômica. Ela estava entre elas. Ela sorriu para mim e disse oi. Eu era invisível para as outras, feias e velhas e bêbadas. Não que eu tenha nada contra pessoas que se encaixam nessas três categorias. As bêbadas, dependendo do meu humor, até que são divertidas.

Ela sorriu e disse oi. Fiz o mesmo.

Mas ela foi embora com as outras, segundos depois.

Talvez minha sorte estivesse mudando. Ou talvez tenha sido camisa preta que eu estava usando ou a barba que já tinha um mês que eu não cortava trouxe um algo a mais.

Se eu tivesse chegado meia hora antes.


Conto de Lucas Beça

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