FLORES

Por Ed Santos



Há quem diga que inspiração vem de dentro, do espírito. Outros afirmam que inspiração é dom. Não consegui chegar à nenhuma conclusão.
        O fato é que podemos nos inspirar em vários momentos de nossas vidas. Em momentos tristes ou em momentos felizes, não importa, cada um em seu momento certo. Resta aprender a identificá-los. O local que ocorre também varia. Pode ser no banheiro ou na varanda de um hotel de frente pro mar, no trânsito, etc. Este texto mesmo é um exemplo. Ele surgiu enquanto eu lia uma matéria sobre a vida de Pixinguinha, compositor do sucesso “Carinhoso”. Estava eu numa praça de alimentação debruçado sobre os escritos, e li que o maestro era um exímio compositor e que se tornou referência em seu estilo, o chorinho, graças ao seu poder de criação. Em determinado momento da leitura, lembrei que recebi um texto sobre a história da música “Flor de Lis” . Segue o texto:
       
“Djavan teve uma mulher chamada Maria, os dois teriam uma filha que se chamaria  Margarida, mas sua mulher teve um problema na hora do parto e ele teria que optar por sua mulher ou por sua filha....
Ele pediu ao médico que fizesse tudo que pudesse para salvar as duas, mas o destino foi duro e a mulher e a filha faleceram no parto.
Agora é possível ‘sentir’ a letra da música.
Conhecendo esta breve história passamos a ouvir a música sob novo contexto, entendendo como a dor pode ser transformada em poema e arte.

Flor de Lis

Valei-me, Deus!  É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor, eu sei que o erro aconteceu.
Mas não sei o que fez, tudo mudar de vez.
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei.
Será talvez que a minha ilusão, foi dar meu coração,
com toda força, pra essa moça me fazer feliz,
e o destino não quis, me ver como raiz de uma flor de lis.
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira.
Morto na beleza fria de Maria.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.”

        Como vemos, pouco importa o momento da inspiração. O importante é o resultado que ela cria, a ponto de transformar emoção em lógica. Não posso afirmar a veracidade do texto, mas digo que após lê-lo, passei a ouvir a música e interpretá-la de um jeito diferente. Você não?
Esse poder das pessoas de interagirem com o acaso é que me faz acreditar cada vez mais que todos podemos superar à tudo. Até mesmo a morte. Mesmo que seja apenas em poesia.

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2 Comentários

Ed,

Não sou grande apreciador de flores. Só há duas de que gosto: a rosa e o cravo vermelho.
A rosa, porque é uma flor bonita, singela.
O cravo, porque é o símbolo da Revolução de Abril de 1974 no meu País e que nos conduziu a um estado democrático.
Mas falou noutra. A flor de liz.
Essa também tem um significado especial para mim. É o símbolo do Escutismo, movimento a que pertenci e me orgulho muito.
Mas detesto ter flores em casa!

Abraços!
Alexandra Deitos disse…
A dor faz arte. A felicidade tb.
E talvez a arte seja justamente a vazão para excessos de sentimentos, sejam eles quais forem. E tudo fica mais bonito, mais poético.

:)