ESSÊNCIA

Por Ed Santos

Pegando carona na infelicidade da falta que Michael Jackson nos fará à partir de agora, outro dia me perguntaram qual meu estilo musical favorito. Por mais previsível que parecesse eu não consegui responder, e o pior de tudo foi perceber que no meu caso, não há preferência.
Nasci e passei toda minha infância e adolescência na periferia e o acesso à música naquela época era bastante restrito. Só fui ouvir rádio FM quando tinha uns 13, 14 anos.
Meus pais gostavam de rock and roll, twist, etc., mas lá em casa tinha um LP de vinil, uma coletânea de artistas cantores brasileiros, que me conduziram a conhecer o que depois eu chamaria de MPB. Tinha “Estácio, Holly Estácio”, “Esse Cara” e uma que não tocou muito, “Cala Boca Zé Bedeu”, de Sérgio Sampaio.
No final dos 70, passei a ouvir mais o tal Receiver Fm e comecei a freqüentar as domingueiras de um salão de bailes perto de casa. Lá conhecei a mais pura essência da Black Music. O suingue, o balanço, aquilo me deixava em transe.
Mais tarde, ouvi rock, muito rock, começando pelo nacional era o boom dos 80’s. Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor, RPM, Paralamas, Titãs e Legião. Época de descobertas...
Depois, veio o desejo de conhecer mais a nossa MPB. Analisar as letras, copiá-las num caderno e ouvir Caetano até decorar tudo, e tentar entender o que o Tom quis dizer em “Águas de Março”. Alguém já ouviu falar em “febre terçã”?
Como se pode ver, essa é minha preferência musical. Uma identidade confusa e indefinida, e totalmente (ainda bem!), sem rótulos. Hoje levo no meu Ipod uma miscelânea de estilos e ritmos, de Ed Mota à Sex Pistols. Descobri que tenho essência Black, mas alma Punk.

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