DESABAFO

Por Gustavo do Carmo



Caros leitores, colaboradores e amigos. Pode não parecer, mas estou em depressão. E não falo da boca pra fora. O problema foi identificado pela minha analista, após um mês de testes.


Tem gente que vai achar que estou escrevendo este editorial para chamar atenção , fazer drama e fugir das minhas responsabilidades. Outras pessoas acham que a minha depressão vai ser curada com um emprego, conseguido após bater de porta em porta, ou fazer um concurso público. Pode até ser. Quem sabe? Tomara. Mas não tenho mais disposição para isso. Os mais insensíveis ainda me chamam de imaturo. Aliás, como as pessoas gostam de ofender os outros rotulando de criança!


Posso estar querendo chamar atenção, fazer drama e fugir das minhas responsabilidades, sim, assumo. Não sou hipócrita como muitos por aí. Hipocrisias de gente que julga o preconceito dos outros, mas são mais preconceituosas do que o preconceito que sofrem. E mesmo que eu seja, admito a minha hipocrisia.


As causas da minha depressão são as minhas frustrações por nunca conseguir exercer oficialmente o jornalismo e só querer esta profissão que eu me formei, as poucas visitas aos meus sites, fotologs e blogs, o meu gênio intempestivo que afasta os amigos, o meu hipotireoidismo e um transtorno que eu acredito muito ter, mas que ainda preciso confirmar clinicamente com um psiquiatra: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Terei consulta somente na próxima terça-feira.


O transtorno de déficit de atenção pode explicar porque sou tão imaturo, chato, pedante, chantagista emocional, egoísta, retardado, preguiçoso, vagabundo, perigoso, grosso, ansioso, inseguro, mal-educado e burro. Críticas explícitas e implícitas que eu recebi em todos esses anos, desde a minha adolescência.


Mas o que me deixa também deprimido são os muitos boicotes e ingratidões que eu sofro: grosseria de amigas perguntadas porque não conversam mais comigo, jornalistas e escritoras que fazem sucesso e se esquecem dos amigos, gente que está sempre ocupada, sonegação de divulgação e prestação de contas por parte das editoras que publicaram os meus livros, discriminação de cineastas que me proibiram de divulgar seus trabalhos no meu blog, grosserias e ironias de um ex-colaborador mesmo após eu ter ido a um evento organizado por ele, falta de compromisso de jornalistas que marcam entrevistas, não aparecem, não dão satisfação e ainda te acusam de ataque de estrelismo, jornalistas homenageadas que não retribuem o apoio que eu sempre dei, amigos que dizem ter mil contatos importantes mas não te apresentam para ninguém e ainda criam intrigas, além da falta de resposta ao meu envio de currículos.


Mesmo assim aproveito este editorial-desabafo para pedir desculpas a essas pessoas se eu as magoei, constrangi, fui indelicado, inconveniente, grosso ou fui ingrato. Não vou pedir que a sociedade se adapte ao meu problema, como fazem muitas minorias por aí (algumas merecidamente). Vou sim me tratar e crescer pelos meus próprios méritos, porém sem sucumbir aos que os outros acham o que eu devo fazer.


Só não desisto de produzir os meus blogs porque eles são uma terapia ocupacional, embora a vontade para acabar seja grande. Mas continuo graças ao apoio de amigos como Miguel Angel, João Paulo Simões, Dudu Oliva, Ed Santos e Pedro Bondaczuk, os quais estão livres das críticas dos parágrafos acima. No entanto, é possível que eu deixe de atualizar por alguns dias e semanas caso eu precise me tratar da minha depressão e do meu possível TDAH. Apesar dos meus problemas particulares o Tudo Cultural continua. Continuem visitando. E colaboradores continuem participando.

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2 Comentários

Ed Santos disse…
No que eu puder fazer, conte comigo.

Abraço.

Ed.
Cara, você tem coragem! Poucas pessoas são capazzes de desabafar com tanta diginidade.

Abraços